O presente e o futuro são e serão melhores do que nós imaginamos. Quando comparamos os gráficos de 1900 com os dos dias de hoje podemos ver, por exemplo, a extrema redução de mortalidade materna e o aumento da expectativa de vida, que saiu de inferior a 40 anos para superior a 70 anos de idade.
E isso se deve ao forte e crescente investimento em tecnologias exponenciais, que tem transformado os nossos dias, alterando as formas como nos comunicamos, como fazemos negócios, enfim, como nos relacionamos com o nosso entorno e com o mundo.
Nós sempre tivemos uma visão linear do mundo e agora estamos passando por uma aceleração da aceleração, isto é uma mudança verdadeiramente exponencial. A tecnologia vem empoderando as pessoas cada vez mais e tem permitido medir a criação de valor econômico como nunca. Na nanoecomonia, você pode contratar pessoas a partir de plataformas como Uber, TaskRunner ou Amazon Mechanical Turk por menos de 5 dólares, no momento que mais nos convém. Já esses profissionais freelancers encontram trabalho por meio dessas plataformas digitais, sem a necessidade de trabalharem de forma tradicional apenas para empresas.
Neste momento de sharing economy, plataformas como udemy, wework, airbnb possibilitam que nós compartilhemos coisas, tempo e serviços que estão subutilizados – laptops, carros e casas ficam ociosos em mais de 90% do tempo. Com as tecnologias exponenciais temos cada vez mais inovações, que podem gerar novos empregos, novas indústrias, novas empresas e, claro, uma nova fonte de economia.
Com a economia exponencial, nós podemos trazer coisas muito maravilhosas para a sociedade e também algumas que são preocupantes, infelizmente. Um exemplo de como podemos acabar indo para o lado errado é a coleta de bitucas de cigarro jogadas no metrô de Nova Iorque para recolher o material genético das pessoas e recriar rosto delas com impressora 3D. Soa invasivo, não? Até que ponto o DNA que deixamos para trás em espaços públicos nos pertence?
Fica claro que as leis atuais não acompanharam os avanços tecnológicos. Certamente, temos exemplos para acreditarmos no bem: o uso da tecnologia no desenvolvimento de um aplicativo para ajudar pessoas cegas, com deficiências físicas ou com dificuldades de aprendizado a usar caixas eletrônicos do banco. Esse é apenas um de muitos.
Mesmo aquilo que consideramos essenciais para o nosso negócio, à luz das mudanças exponenciais, podem não ser mais relevantes ou mesmo fundamental. Para os bancos, por exemplo, o dinheiro não é mais o ativo principal, agora a infraestrutura para o fluxo de dinheiro vem se mostrando primordial.
Como líderes precisamos saber distinguir o que é certo e o que é errado. Na minha experiência no Executive Program, da Singularity University, debatemos, inclusive, a ausência de leis sobre o uso de dados que nós fornecemos sem querer, como quando usamos aplicativos gratuitos, mas que, em contrapartida, coletam os nossos dados o tempo todo. O marco legal recém-aprovado aqui no Brasil sobre proteção de dados, por exemplo, já apresenta aspectos ultrapassados e pode não suportar todas as possibilidades das tecnologias exponenciais.
Quando penso na minha área de atuação, de TI para o mercado financeiro, vejo que há grandes oportunidades para usar a economia exponencial e oferecer aos clientes atendimentos e serviços personalizados, que se encaixem com o perfil do investidor, uma vez que, com o excesso de ofertas (oversupply) que temos no mercado, para ter êxito é preciso ofertar serviços hyper-customizados e que agreguem valor à vida do cliente.
Podemos citar quatro pilares que ajudarão as instituições financeiras rumo a um sistema de economia exponencial: augmented banking, open banking, cognitive banking e automation banking.
Com essa combinação, os bancos podem distinguir qual caminho seguir para que os seus clientes tenham melhores resultados. Precisamos sempre lembrar que o contato com o ser humano nunca será substituído, afinal somos pessoas sensíveis, com elevada capacidade criativa e que entendemos melhor os sentimentos dos outros. Assim como a economia, nós seremos exponencializados.
Cabe aos líderes de hoje trabalhar para guiar as empresas/governos/instituições/sociedade para um futuro mais próspero, trabalhar para mitigar riscos e os problemas que também são inerentes às inovações tecnológicas, reforçando as experiências positivas para que pessoas, propriedade e informação possam mover-se livremente.