Caso algum dia a humanidade chegue em Marte, os primeiros indivíduos encontrarão paisagens diferentes ao olhar para o céu marciano durante o dia. Cientistas descobriram em um novo estudo que um tipo específico de aurora, chamado de próton aurora, é comum no planeta vermelho. Ainda assim, para observar o fenômeno, seria necessário utilizar óculos de raios ultravioletas

Assim como na Terra, as auroras de Marte são formadas quando ventos solares interagem com a atmosfera. Após a interação, os prótons com carga positiva são neutralizados ao retirar elétrons dos átomos de hidrogênio, o que ocasiona em luzes UV. Apesar da beleza, a descoberta pode ajudar a compreender como o clima no planeta está mudando e a água sendo perdida. 

“As observações das auroras de prótons em Marte fornecem uma perspectiva única de hidrogênio e, portanto, podem explicar a perda de água do planeta”, explicou o físico Edwin Mierkiewicz, da Universidade Aeronáutica Embry-Riddle. “Com base nesta pesquisa, podemos obter uma compreensão mais profunda das interações do sol com a atmosfera superior de Marte, e com corpos semelhantes em nosso Sistema Solar ou em outro sistema que carece de um campo magnético global”. 

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Auroras de prótons

Os fenômenos foram detectados pela primeira vez em 2016, pela sonda MAVEN, da Nasa, com o uso do instrumento Imaging UltraViolet Spectrograph (IUVS). No entanto, a nova pesquisa mostrou que ela é a aurora mais comum no planeta. A análise destacou que as auroras de prótons estão presentes em 14% das visões diurnas no conjunto de dados MAVEN, enquanto o fenômeno é percebido em 80% das observações durante o dia no verão do sul de Marte – quando o planeta está mais próximo sol. 

“No começo, acreditávamos que os eventos eram bastante raros porque não estávamos olhando para os momentos e lugares certos”, disse Mike Chaffin, cientista da Universidade do Colorado Boulder. “Mas após uma análise mais detalhada, descobrimos que a aurora de próton está correndo com muito mais frequência nas observações diurnas durante o sul do verão do que esperávamos inicialmente”. 

O aumento da poeira e do calor do verão fizeram com que o vapor da água fosse elevado a grandes altitudes, onde ele é dividido em hidrogênio e oxigênio pela luz UV do sol. Logo, a nuvem de hidrogênio na atmosfera engrossa e aumenta a quantidade de auroras de prótons. Estima-se que mais resultados serão divulgados nos próximos meses. 

“Talvez um dia, quando as viagens interplanetárias se tornarem comuns, os viajantes que chegarem a Marte durante o verão, poderão observar na ‘primeira fila’ a aurora de prótons dançando majestosamente pelo planeta. Mas só se usarem óculos sensíveis aos raios ultravioleta, é claro”, afirmou Andréa Hughes, cientista da Universidade Aeronáutica Embry-Riddle. 

Via: Science Alert