A próxima reunião do Conselho Nacional do Espaço dos Estados Unidos, marcada para a próxima terça-feira, 26, em Huntsville, Alabama, não deve ser muito tranquila. Isso porque, segundo a Arstechnica, a discussão deve se concentrar nos planos da Nasa para enviar humanos novamente à Lua. E tem muita gente, no mínimo, descontente com a situação atual. Entre eles, o o vice-presidente dos EUA, Mike Pence.

O próximo encontro da equipe, que supervisiona a política de voos espaciais dos EUA, será liderado por Pence. Rumores não confirmados apontam que ele pode emitir algum tipo de cobrança para a Nasa acelerar suas viagens que, hoje, estão previstas para o final da década seguinte – a proposta orçamentária do governo para o próximo ano permitiria sua realização em 2028. Supõe-se que a intenção seja antecipar as decolagens lunares para meados dos anos 2020, potencialmente até 2024, último ano de um hipotético segundo mandato de Donald Trump.

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Um dos seis oradores confirmados para o painel da reunião é Jack Burns, astrofísico da Universidade do Colorado Boulder. Segundo ele, o atual cronograma da Nasa carece de urgência: “O plano cronológico é muito lento, e essa é uma das coisas sobre as quais falarei na próxima terça-feira”. Se forçada, em quanto tempo a NASA poderia colocar os humanos de volta à Lua? “No ano de 2025”, Burns responde à Arstechnica. “E eu sei que alguns na administração gostariam de fazer isso ainda mais rápido. Nós vamos ver alguns rojões”, acrescenta.

2028, tarde demais

Quando Trump e Pence assumiram seus postos na Casa Branca, em 2017, a Nasa esperava realizar um teste de decolagem para o foguete do Sistema de Lançamento Especial. Agora, é provável que isso não aconteça antes de 2021. E Pence, além de ter motivos para estar insatisfeito com isso, também está sendo encorajado por confidentes a exigir mais rapidez.

Em novembro, um grupo consultivo do Conselho Nacional do Espaço recebeu uma cobrança do ex-administrador da Nasa, Mike Griffin. “Acho que 2028 é tão tarde que nem precisa estar em debate na mesa. Tal data não demonstra que os Estados Unidos são líderes em qualquer coisa. Isso é 2018. Levamos oito anos para chegar à Lua pela primeira vez, e você vai me dizer que demora de 10 a 14 para fazê-lo novamente quando já sabemos como?”, afirmou sobre os planos da Nasa quanto à Lua. Hoje em dia, ele ocupa uma posição sênior no Departamento de Defesa e continua sendo influente na política espacial. 

Burns espera que a mensagem de urgência seja uma visão da maioria, se não de todos os envolvidos. “Estamos cansados de gerar viagens em PowerPoint que não vão a lugar algum, e é hora de realmente irmos a algum lugar”, afirma o astrofísico, que serviu na equipe de transição presidencial da Nasa entre 2016 e 2017. “Eu diria que a discussão que vamos fazer na terça-feira é sobre isso. Está tudo focado nisso.”

Mudança de cultura

A Nasa precisa de uma injeção financeira “adequada” para antecipar a data de aterrissagem lunar, particularmente para acelerar o desenvolvimento dos próprios módulos. No entanto, Burns observa que o orçamento da agência já aumentou sob o governo Trump – em 2015, era de aproximadamente US$ 18 bilhões, e subiu para US$ 21,5 bilhões neste ano.

Segundo Burns, o governo teria a intenção de causar um choque nas estruturas, promovendo uma “mudança de cultura” da Nasa e reforçando a urgência de otimizar o cronograma para o futuro. O objetivo é chacoalhar a burocracia da agência para que ela retome parte do vigor e da energia que teve durante o programa Apollo, nos anos 60. E Burns, inclusive, aponta para o forte ritmo de evolução de empresas do setor privado – o módulo lunar da Lockheed Martin, por exemplo, pode estar preparado para aterrissagens humanas até 2025, por exemplo.

O novo administrador da Nasa, Jim Bridenstine, já sinalizou sua intenção de fazer valer essa urgência. Na semana passada, ele afirmou que a agência lançaria a nave Orion ao redor da Lua no próximo ano. Seriam utilizados dois foguetes privados para a ocasião, devido a atrasos contínuos com o Sistema de Lançamento Espacial.

E na quinta-feira, o site NASASpaceFlight informou que a agência está considerando pular um teste crítico que faz parte do desenvolvimento do foguete para o Sistema de Lançamento Espacial. Isso aumentaria o risco de algum tipo de problema durante o lançamento, mas reduziria o cronograma em até seis meses.

Fonte: Arstechnica