O homem ainda sabe pouco em relação ao espaço e à vida, mas uma certeza é a necessidade de água líquida na superfície de um mundo para que seja habitável. Normalmente, para que isso aconteça, um planeta é aquecido por uma estrela. No entanto, um novo estudo sugere que esse aquecimento pode acontecer através da radioatividade, eliminando a necessidade de estar perto de uma estrela para hospedar vida.
A Terra possui isótopos radioativos como urânio-238, tório-232 e potássio-40 emitindo uma pequena quantidade de energia. Pesquisadores acreditam que alguns planetas, particularmente os mais próximos do centro da Via Láctea, podem ter isótopos radioativos suficientes para gerar o calor necessário para impedir que sua superfície seja totalmente congelada.
“Isso lhe dá a liberdade de estar em qualquer lugar. Você não precisa estar perto de uma estrela”, declarou Avi Loeb, astrofísico da Universidade de Harvard e co-autor do estudo. Junto com Manasvi Lingam, astrobiólogo do Instituto de Tecnologia da Flórida, Loeb analisou três fontes de calor para um planeta sem um sol: sobra de calor da sua formação, decaimento radioativo de isótopos de vida longa e o decaimento radioativo de isótopos de curta duração.
Aquecimento radioativo
Para aquecer um planeta o suficiente para liquefazer a água, é necessário aproximadamente mil vezes a abundância dos dois tipos de isótopos radioativos na Terra. Lingam e Loeb descobriram que um planeta com a mesma massa da Terra, mas com cerca de 100 vezes mais radionuclídeos, teria calor suficiente para manter o etanol líquido por centenas de milhões de anos.
É improvável que a vida multicelular sobreviva sobre a irradiação nesses planetas, que chega a ser centenas de vezes maior do que as médias de Chernobyl após o acidente nuclear de 1986. Porém, alguns microrganismos, como o Deinococcus radiodurans, poderiam sobreviver, segundo Lingam.
De acordo com Loeb, um planeta com tão quantidade de radionuclídeos só poderia existir perto do centro da Via Láctea. Porém, por ser muito diferente do restante dos mundos conhecidos, seria uma enorme surpresa encontrar um planeta deste tipo, afirmou o cientista planetário da Universidade de Oxford, Tim Lichtenberg.
Apesar disso, se existir, é possível que o Telescópio Espacial James Webb, com lançamento em 2021, deve poder identificá-lo. Seriam necessários aproximadamente 10 dias para que o sinal seja detectado, calcularam os pesquisadores. “Existem tantas incógnitas. Nós não demos a última palavra ainda”, finalizou Lingam.
Via: Science Magazine