Parece que a corrida espacial dos tempos da Guerra Fria está ensaiando um retorno. A Roscosmos, agência espacial federal da Rússia, apresentou nesta semana um foguete nuclear que promete levar humanos a Marte no futuro, aproveitando a deixa para provocar o bilionário Elon Musk.

Musk, que é sul-africano, é fundador da empresa norte-americana SpaceX, que também tem planos de levar humanos a Marte em seus próprios foguetes. Mas segundo Vladimir Koshlakov, chefe do Centro de Pesquisas Keldysh, da Rússia, a tecnologia dos Estados Unidos já está ultrapassada.

“Elon Musk está usando a tecnologia existente, desenvolvida há muito tempo”, disse ele à imprensa local (via RT). “Ele é um homem de negócios: pegou uma solução que já existia e a aplicou com sucesso. Notavelmente, ele também está fazendo seu trabalho com a ajuda do governo.”

Foguetes que usam reatores nucleares como propulsão não são novidade: a Nasa (agência espacial dos EUA) e a própria Rússia experimentaram esta tecnologia nas décadas de 1970 e 1960, no auge da corrida espacial. Mas os russos garantem que o sistema usado agora é o mais inovador desde 2009.

O novo foguete, ainda em estágio de desenvolvimento, “vai ultrapassar o nível existente de desenvolvimento tecnológico e científico”. E o objetivo da Rússia é o mesmo da SpaceX: poder reutilizar foguetes para baratear e dar mais agilidade às viagens ao espaço.

“Devemos desenvolver motores que não precisem ser ajustados ou reparados mais de uma vez a cada dez voos. Além disso, 48 horas após o foguete retornar do espaço, ele deve estar pronto para ser usado novamente. É isso que o mercado exige”, afirmou Koshlakov.

Por enquanto, não há previsão concreta de quando os russos pretendem ir ao planeta vermelho. “Uma missão a Marte é possível em um futuro muito próximo, mas isso não é um objetivo em si. Nossos motores podem ser a base para toda uma gama de missões espaciais que atualmente parecem ficção científica”, disse Koshlakov.