Astrônomos se surpreenderam com uma nova observação da sonda InSight, da Nasa (Agência Espacial dos Estados Unidos). O equipamento aterrisou em Marte em novembro de 2018 e já detectou tremores fracos ano passado, que indicaram a presença de atividade sísmica no solo marciano. Agora, a revelação da vez foi uma anomalia igualmente muito sutil, mas que ocorreu devido a fatores externos e não geológicos. 

Segundo os cientistas, a inclinação foi causada por uma intromissão de uma lua do planeta vermelho, chamada Fobos, que passava na frente do Sol. Curiosamente, o avistamento foi feito por acaso e não houve nenhum planejamento para detectar o encurvamento do planeta vermelho. “[Foi] uma observação completamente sortuda”, comentou Simon Stähler, líder do estudo, ao site Space.com. “Poderia ter sido planejado antes, mas nunca o fizemos”.

Acontece que a observação inesperada foi facilitada pelo fato da frequência do trânsito de Fobos variar, permitindo que a lua marciana fique vez ou outra entre o Sol e Marte, originando um eclipe. A tendência é que esses eclipses sejam cada vez mais frequentes, pois o planeta vermelho anda submetendo a sua lua como refém de um intrigante puxão gravitacional.

A estimativa é que daqui a milhares de anos esse puxão faça com que Fobos colida com Marte. Por ora, enquanto isso não acontece, belas interrupções, nas quais a lua marciana se põe na frente do Sol, podem ser avistadas. Os cientistas, porém, nunca tinham pensado em observar os impactos desse fenômeno e os dados ficaram parados por quase um ano, segundo Stähler. 

Entretanto, eles já tinham uma ideia de quando o próximo eclipse marciano de Fobos ocorreria. E sem planejarem colocar esforços para observá-lo, a sonda InSight armazenou dados por meio de seus painéis solares. O equipamento notou queda da luz do Sol, que estava encoberto pela lua de Marte.

A surpresa 

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Eclipse de Fobos ocorre quando a lua marciana passa na frente do Sol. Créditos:NASA/JPL-Caltech 

O que surpreendeu mais os pesquisadores foi notar que o o sismômetro e o magnetômetro da sonda também operaram mesmo sem planejamento. Para explicar a funcionalidade dos aparelhos, eles encontraram respostas em dados do Black Forest Observatory, da Alemanha, observatório que tinha o equipamento operando na Terra de modo similar ao funcionamento em Marte. 

Com isso, os pesquisadores notaram que a inclinação no planeta foi bem pequena no momento do eclipse. “Se você imaginar que tem uma mesa de 1 metro e levantar um dos lados da mesa por um diâmetro atômico, é mais ou menos isso”, comparou Stähler. “É realmente um sinal minúsculo.”

Por mais insignificante que pareça a inclinação, os especialistas acreditam que os dados da InSight permitirão cronometrar os trânsitos lunares de Fobos com mais precisão. Isso pode ajudar até a medir uma localização mais exata dessa lua, que era observada desde a Era Viking. Porém, a monitoração do satélite deve acabar em breve: a sonda pousou em 2018 e orçamentos para apenas dois anos de exploração foram aprovados até agora, sem nenhum anúncio da Nasa para estender a missão. 

Fonte: Space.com