Há cerca de 360 milhões de anos uma imensa extinção em massa dizimou cerca de 50% de todos os gêneros de seres vivos e marcou o fim do período Devoniano. Foi uma das cinco grandes extinções na história de nosso planeta, mas sua causa exata ainda é desconhecida.

Um novo estudo, liderado pelo astrofísico Brian Fields da Universidade de Illinois em Urbana-Champaign, nos EUA, levanta uma possibilidade intrigante: a causa seria a explosão de uma estrela, uma supernova.

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Supernovas são as explosões mais intensas no universo conhecido. Por um momento, cerca de uma semana, elas se tornam bilhões de vezes mais brilhantes que o nosso Sol. Além de espalhar elementos químicos pelo universo, elas emitem grande quantidade de radiação, na forma de luz visível, raios-X e ultravioleta, que podem ter consequências graves para qualquer biosfera que tenha o azar de estar próxima demais.

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Os trilobitas eram alguns dos animais que habitavam a Terra no final do Devoniano. Fonte: Ars Technica

Fields e sua equipe sugerem que uma queda dramática no nível de ozônio na atmosfera terrestre, que coincide com a extinção no fim do Devoniano, foi causada pelos efeitos da radiação emitida por uma supernova a 65 anos-luz de nós.

Desde a década de 50 os cientistas especulam que supernovas podem causar extinções em massa, com um “raio letal” de cerca de 25 anos-luz. Mas o estudo sugere que estrelas ainda mais distantes podem ter efeitos danosos à vida na Terra, tanto instantâneos quanto a longo prazo.

“As supernovas são fontes imediatas de radiação ionizante, na forma de ultravioleta extremo, raios-x e raios gama”, diz o artigo. “Mas em escalas de tempo maiores, a interação da explosão com o gás ao redor da estrela gera uma onda de choque que acelera partículas elementares, produzindo raios cósmicos. Estas partículas são magneticamente confinadas aos restos da supernova, e devem banhar a Terra por cerca de 100 mil anos”, diz a equipe.

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Remanescente de supernova na nebulosa do caranguejo. Fonte: Nasa / Hubble Space Telescope

Estes raios cósmicos seriam intensos o suficiente para destruir a camada de ozônio, causando danos duradouros, devido à radiação, às formas de vida dentro da biosfera terrestre. O que tem paralelo com a perda de diversidade e deformação de esporos de plantas em fósseis na fronteira dos períodos Devoniano e Carbonífero, há cerca de 360 milhões de anos.

Uma forma de comprovar a teoria seria encontrar isótopos de elementos como plutônio-244 e samário-146. “Nenhum destes isótopos ocorre naturalmente na Terra hoje em dia, e a única forma deles chegarem até aqui é através de explosões cósmicas.

Fonte: Science Alert