Em outro texto, procuro apresentar a obra desse cineasta sem igual ao leitor e espectador. Mas quais seriam os filmes imperdíveis do cineasta, aqueles que são essenciais para entender sua estatura na história do cinema?
Arrisco, aqui, dez deles, em ordem crescente de preferência, sabendo que poderiam ser quinze, sem forçar a barra.
10. Entrevista (1987)
Penúltimo longa de Fellini, faz uma espécie de súmula do que ele gostaria que fosse sua carreira.
09. Noites de Cabíria (1957)
Cabíria, mulher das ruas, mulher que sofre o preconceito da sociedade italiana machista. Um presente para a esposa de Fellini, Giulietta Masina.
08. Casanova de Fellini (1976)
Donald Sutherland interpreta o maior amante do mundo em sua decadência, e Fellini o envolve em uma forma barroca e também decadentista, num belo ensaio em azul. O nome de Fellini no título (também no original italiano) é um pouco ridículo, mas é também um sinal da força desse autor.
07. Os Boas Vidas (1953)
Scorsese já disse que toda sua carreira deve ao plano final deste longa poético e sensível como poucos. O trem que invade intimidades e nos prepara para um cinema onírico que viria.
06. Amarcord (1974)
“Eu me lembro”. Sob o propósito de filmar suas lembranças, Fellini pode ser abertamente episódico sem disfarçar a falta de unidade. Faz assim um belíssimo filme pessoal.
05. Oito e Meio (1963)
Como sair de uma crise criativa? Expondo-a ao mundo e mostrando o que há de podre, mas também de belo, na alma humana.
04. E La Nave Va (1983)
A ópera e o cinema são homenageados neste filme sem igual, único em sua poesia, e um tanto anacrônico, pois foi realizado num momento em que o cinema italiano agonizava sob o peso das produções internacionais voltadas para os grandes festivais.
03. A Doce Vida (1960)
Fellini dá um salto e ultrapassa a incômoda herança neorrealista para realizar um dos filmes mais duros sobre a civilização ocidental contemporânea.
02. Roma de Fellini (1972)
Fosse por uma única sequência, a do desfile de moda eclesiástico, e este filme já merecia figurar entre os melhores de todos os tempos. Mas há muito mais, incluindo a música de Nino Rota e a fotografia do mestre Rotunno, talvez o maior mago da luz. O “de Fellini” está só no título brasileiro.
01. Satyricon de Fellini (1969)
As imagens mais belas, por cortesia do diretor de fotografia Giuseppe Rotunno (parceiro de Visconti, em seu primeiro filme com Fellini), embalam esta adaptação de Petronius que promove uma ponte entre a Roma antiga e a de 1969. Um dos maiores filmes de todos os tempos e o primeiro a ganhar a designação “de Fellini” no título.