Leio aqui no Olhar Digital que James Dean será estrela de um novo filme, “reconstruído em computação gráfica, com base em fotos e vídeos de arquivo“. Intitulado Finding Jack, o longa está em pré-produção, ainda sem data para estreia, e envolve desilusão e Guerra do Vietnã.

Com todo respeito ao que a tecnologia pode nos trazer de bom, inclusive na seara cinematográfica, considero esse projeto uma aberração. Graças a essa ideia estapafúrdia, James Dean terá uma segunda morte, pois será transformado em uma outra coisa, seus gestos e expressões faciais e corporais colocados em contextos completamente diferentes. 

James Dean fez apenas três longas em vida. Três clássicos do cinema, dois deles dirigidos por verdadeiros mestres do melodrama. Juventude Transviada (Nicholas Ray, 1955) e Vidas Amargas (Elia Kazan, 1955) são obras-primas em que Dean interpreta personagens em conflito com a figura paterna. Assim Caminha a Humanidade (George Stevens, 1956), é um tanto irregular, mas tem ao mesmo tempo uma grandeza evidente que Dean trata de aprimorar com sua interpretação.

O que será Finding Jack perto desses três filmes que já desafiaram, com sucesso, a passagem do tempo? Pode estar à altura da história do ator ou ser uma mancha em sua carreira. Pior, uma mancha que ele não teve como evitar.

Essa é a grande questão. Compra-se os direitos de imagens com familiares sem que haja respeito com a figura de um falecido, alguém com uma história curta e marcante no cinema.

É um desrespeito com a memória de Dean e com qualquer ator vivo que poderia ter sido escalado, mas teve seu lugar tomado por essa muleta tecnológica.