Com a incrível vitória de “Parasita” no Oscar, pululam na Internet dicas do cinema coreano contemporâneo. É justo. Mas talvez seja interessante também atentar para a carreira do diretor de “Parasita”, Bong Joon-Ho.

Montamos aqui um ranking com seus sete longas para cinema, do pior (o primeiro) ao melhor (o terceiro). Sua carreira é irregular, com quatro bons filmes e três filmes irregulares. O lado bom, no entanto, nos convida a conhecê-lo melhor, e a rever seus filmes.

07. Cão que Ladra não Morde (2000)

Uma comédia pouco inspirada, que explica bem o tipo de concessões que os cineastas coreanos devem fazer de vez em quando. Ainda mais, o espectador mais sensível de hoje, quando vir o que o diretor faz com um cãozinho, é capaz de cancelá-lo.

06. Mother – A Busca Pela Verdade (2009)

Surgido logo após o impressionante “O Hospedeiro”, encantou alguns cinéfilos, mas era difícil disfarçar uma certa decepção. É, na verdade, um filme cheio de camadas, algumas boas, outras ruins.

05. Okja (2017)

Há um lado grotesco que funciona (Tilda Swinton, porco gigante) e o lado que é simplesmente constrangedor (Jake Gyllenhaal). No balanço, sente-se que esta produção da Netflix poderia chegar a algo muito belo, mas não foi desta vez.

04. Expresso do Amanhã (2013)

Interessante distopia ambientada num trem em movimento. É irregular, mas com grandes momentos.

03. Parasita (2019)

Quase se perde no clímax, pelo desejo de apelação para a violência catártica, que não funciona tão bem aqui. Mas a construção da atmosfera anterior a esse momento é muito feliz, e permite que, mesmo não funcionando, a explosão mantenha a coesão narrativa.

02. Memórias de um Assassino (2003)

O filme que justifica a tão decantada herança hitchcockiana apregoada pelo diretor e, principalmente, por seus admiradores. Vale a pena voltar a ele para ver o que Bong Joon Ho pode fazer em seus melhores momentos.

01. O Hospedeiro (2006)

Um dos grandes filmes coreanos dos últimos tempos agora pode ser visto sem o preconceito reservado aos filmes de monstros. O que um Oscar não faz?

* Sérgio Alpendre é crítico e professor de cinema