Segundo Domingos Alves, coordenador do Laboratório de Inteligência em Saúde (LIS) da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da USP, o Brasil deve chegar a 200 mil óbitos pelo novo coronavírus na primeira quinzena de outubro. O especialista destacou que a falta de medidas mais estritas do governo para reduzir o contágio teve consequências graves no país.

O Governo Federal também suspendeu de forma precipitada o isolamento social, que poderia ter sido crucial para a diminuição dos casos de Covid-19, ainda de acordo com Alves. “Vejo que essa epidemia vai ficar desse jeito até dezembro, até que tenhamos uma vacina contra a doença”, declarou.

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Mesmo com o número elevado de casos ainda há grande subnotificação, pois o país é o que menos faz testagens. O coordenador disse que o número de casos de coronavírus no Brasil pode ser de seis a sete vezes maior que o divulgado.

 

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A abertura do comércio no Brasil foi precipitada e teve consequências graves para a população. Foto: Unsplash/Reprodução.

 

Impacto das eleições

A preocupação com as eleições municipais deste ano também motivou o relaxamento das medidas para conter a propagação da doença, de acordo com o especialista: “A partir de 1º de junho, tivemos 26 governadores e mais 5 mil prefeitos preocupados com as eleições municipais previstas para meados de novembro.”

“O Brasil rejeitou sistematicamente, tanto por parte do governo federal e agora mais recentemente por parte dos governos estaduais, a adoção das medidas que foram sugeridas pela OMS e que funcionaram em vários países europeus”, ponderou.

Em suma, o especialista atribui a catástrofe ao “negacionismo” do governo de Jair Bolsonaro sobre a pandemia, à falta de medidas estritas para reduzir o número de contágios e à suspensão precipitada do confinamento.

Fonte: Uol