Sem muitas alterações no funcionamento da sociedade, a Islândia conseguiu controlar a pandemia do novo coronavírus em seu território. Com cerca de 364 mil habitantes, o país manteve escolas e comércio abertos, enquanto os cidadãos obedeciam a algumas restrições.
O Olhar Digital conversou com exclusividade com Kári Stefánsson, CEO da deCODE genetics. Essa empresa de biotecnologia especializada no genoma humano participou da aplicação de testes para detectar o novo coronavírus na população local.
Kári diz que a estratégia da Islândia foi simples. Era, basicamente, um tripé: aplicação massiva de testes, isolamento dos infectados e agilidade no monitoramento dos contatos dos doentes para garantir que eles se mantivessem em quarentena.
Os testes usados por lá foram do tipo RT-PCR. Esses exames detectam se o vírus ainda está presente no organismo do infectado. Conhecidos como testes padrão ouro, eles são recomendados pela Organização Mundial da Saúde.
Esses exames identificam os contaminados, não quem já passou pela doença e adquiriu anticorpos. Isso faz toda a diferença no processo de contenção da disseminação: quando se encontram os doentes, é possível agir antes que eles transmitam a infecção para outros.
Os testes foram aplicados em 16,7% dos residentes do país. Segundo Kári, essa é a maior proporção de testagem em um país em todo o mundo. Ele conta que aplicar os exames nesse percentual da população foi suficiente para dar os insights apropriados sobre o que estava ocorrendo.
No momento, a Islândia tem um cenário bastante favorável. No decorrer deste mês, foram diagnosticados apenas cinco indivíduos com covid-19 no país. Isso quer dizer que a epidemia está controlada por lá.
Kári explica que o plano só deu certo porque a Islândia tem infraestrutura para executá-lo. Qualquer país que tenha essa capacidade pode adotar o mesmo princípio. E daria certo no Brasil?