Infelizmente, muitas mulheres conhecem bem a sensação de ter suas falas interrompidas por um homem que pretende questionar a legitimidade do que elas dizem ou simplesmente trazer o foco da conversa para si. Agora, ao menos, há um aplicativo que conta quantas vezes isso acontece.

Criado pela BETC, uma agência de conteúdo focada em igualdade de gênero, o aplicativo Woman Interrupted já está disponível em fase beta pra Android e iOS. Ele usa os smartphones para ajudar a mapear o “manterrupting”: as ocasiões em que homens cortam as falas de mulheres sem deixá-las terminar.

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Funcionamento

O aplicativo usa o microfone dos celulares para analisar conversas. Ele pode ser deixado no plano de fundo do celular durante uma reunião, por exemplo. Os dados, no entanto, não são armazenados nos servidores do app, o que garante o sigilo das mensagens. O vídeo abaixo mostra, de forma resumida, o funcionamento do aplicativo. 

Inicialmente, ele pede à usuária que calibre sua voz para que possa identificá-la melhor. Em seguida, o app começa a “ouvir” as conversas e é capaz de diferenciar as frequências de vozes masculinas e femininas. Sempre que detecta que sua usuária foi cortada por um homem, ele contabiliza uma interrupção.

Um gráfico ilustrando a conversa – e mostrando quando ocorreram as interrupções – é gerado ao final de cada sessão de uso. A usuária pode então verificar quantas vezes foi interrompida no dia, semana, mês ou ano. O app também torna fácil compartilhar esse número, junto com uma mensagem que chama a atenção para o problema.

Conscientização

A ideia é que, com mais tempo de uso, o aplicativo seja capaz de gerar gráficos e mapas que mostram onde e quando as mulheres são ignoradas e interrompidas com mais frequência. Com isso, a agência pretende mostrar quão sério e disseminado esse problema é.

Isso porque trata-se, de fato, de um problema no mundo todo. Segundo um estudo recente, homens “cortam a fala” de mulheres 23% mais do que a de outros homens. Outros estudos também indicam que médicas são interrompidas com mais frequência do que médicos.