O Itamaraty anunciou na terça-feira (10) que apoia os princípios do Clean Network, programa dos EUA para promover um ambiente seguro no âmbito do 5G. Na prática, o movimento afasta o Brasil da Huawei, gigante chinesa de telecomunicações que tem sido alvo de críticas e sanções pela Casa Branca.

O apoio foi expresso ao lado do subsecretário para Crescimento Econômico, Energia e Meio Ambiente do Departamento de Estado dos EUA, Keith Krach, que visita o Brasil esta semana. Desde que o Clean Network foi anunciado, em agosto, ele aproveita encontros com autoridades internacionais para buscar apoio à iniciativa.

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Em Brasília, Krach trata também de áreas como comércio, investimentos, meio ambiente, cooperação espacial e mineração, além de assuntos estratégicos para o governo brasileiro, como a entrada do país na Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE). 

ReproduçãoMinistro Ernesto Araújo, do Ministério das Relações Exteriores, em reunião com o subsecretário de Estado dos EUA, Keith Krach. Foto: Gustavo Magalhães/MRE

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O que é Clean Network?

O programa Clean Network tem motivações específicas. Comentando a presença do americano no Brasil, o secretário de Estado dos EUA, Mike Pompeo, comemorou a recusa brasileira à China em entrevista coletiva na terça-feira.

“Nós temos agora quase 50 nações que fazem parte do que chamamos de Clean Network, que se negaram a comprar infraestrutura de telecomunicações chinesa”, disse. “Recebi notícias de última hora que o governo do Brasil apoia os princípios do programa, e estou confiante de que iremos assinar um memorando de entendimento no futuro próximo. Quero agradecer ao Brasil e a seus líderes por isso”.

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Após meses de restrições, banimentos e denúncias de espionagem, o Clean Network é a formalização da tentativa americana de conter a influência da China nas telecomunicações. A iniciativa é fundamentada em seis diretrizes previstas no site do governo americano, e todas citam o país asiático ou suas empresas de tecnologia. 

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Mike Pompeo, secretário de Estado dos EUA, anunciando as diretrizes do Clean Network em agosto. Imagem: Reprodução/Departamento de Estado 

  • Clean Path

Como o nome sugere, estabelece um “caminho limpo” para o tráfego da rede 5G nas instalações diplomáticas dos Estados Unidos. 

A determinação é que não seja utilizado nenhum equipamento de transmissão, controle, computação ou armazenamento de fornecedores “não confiáveis”, incluindo Huawei e ZTE, que, de acordo com o Departamento de Estado americano, são “braços do Partido Comunista Chinês”.

  • Clean Apps

O Departamento de Estado sugere que a Huawei estaria se apoiando nas inovações e reputação de empresas americanas para oferecer serviços a seus clientes. Por isso, proíbe que fabricantes “não confiáveis” de smartphones disponibilizem apps dos EUA para download.

A diretriz define ainda que desenvolvedores americanos removam seus aplicativos da loja da Huawei para garantir que não façam parceria com um “violador dos direitos humanos”.

  • Clean Store

Mesma ideia do Clean Apps, mas na direção contrária. Aplicativos chineses também devem ser removidos das lojas dos EUA. De acordo com o programa, “os apps da República Popular da China ameaçam a privacidade, proliferam vírus, censuram conteúdo e espalham propaganda e desinformação”.

  • Clean Cable

Estabelece que os cabos submarinos que conectam os Estados Unidos à internet global não sejam “subvertidos para coleta de inteligência pela China”.

  • Clean Carrier

Proíbe que operadoras chinesas se conectem às redes de telecomunicações americanas, uma vez que isso representaria “perigo para a segurança nacional” dos Estados Unidos. 

  • Clean Cloud

Define que as nuvens utilizadas para armazenar informações confidenciais e propriedade intelectual, incluindo pesquisas com vacinas contra Covid-19, sejam provenientes de empresas “confiáveis”. Isso exclui os sistemas da Alibaba, Baidu, China Mobile, China Telecom e Tencent.      

Fonte: O Globo