Uma equipe de cientistas e médicos usou engenharia genética para criar em laboratório mais de 0,8 metros quadrados (equivalente a cerca de 13 folhas A4) da pele de uma criança. A criança em questão sofria de uma de uma doença genética de pele, e estava em risco de morte. Com a técnica, os pesquisadores conseguiram substituir 80% de sua pele e, com isso, salvar sua vida. 

Os resultados foram publicados recentemente no periódico científico Nature, embora o procedimento em si tenha ocorrido há dois anos. O tempo foi necessário para garantir que a criança não apresentaria nenhuma rejeição à pele geneticamente modificada. Foi a primeira vez que a técnica foi usada para criar uma quantidade tão expressiva de um tecido humano. 

Doença genética

A criança em questão sofria de epidermólise bolhosa juncional, uma doença que afeta cerca de 500 mil pessoas no mundo, de acordo com o The Verge. Ela é causada por uma mutação genética e faz com que a pele do paciente fique recoberta por bolhas, e que ele tenha uma grande chance de desenvolver câncer de pele. 

Fora isso, a criança também contraiu uma infecção que fez com que ela perdesse cerca de dois terços da pele de seu corpo. Ela foi então internada na unidade de tratamento de queimaduras de um hospital da Alemanha onde a equipe, de acordo com um médico citado pelo The Verge, teve “muita dificuldade para manter essa criança viva”.

Cura genética

Nesse momento os médicos entraram em contato com o diretor do centro de medicina regenerativa da Universidade de Modena e Reggio Emilia, Michele de Luca, que já tinha experiência na criação in vitro de pele geneticamente motificada. Com o auxílio dele, a equipe fez uma coleta de células da pele da criança, incluindo células-tronco (células que podem se desenvolver e virar outras células de vários tipos).

Usando um vírus não-danoso, os cientistas inseriram um novo gene nas células. Esse novo gene substituía a modificação genética que causava a doença na pele do paciente. A versão “curada” das células-tronco e células de pele foi usada para “cultivar” uma nova pele para a criança. Essa pele foi, então, enxertada de volta ao corpo do paciente. 

Resultado

Mesmo depois do enxerto, a criança ainda passou mais oito meses no hospital. Agora, no entanto, ela está perfeitamente saudável. Graças à nova pele, o paciente consegue ter uma vida como a de outras crianças. Como o The Verge aponta, trata-se de um exemplo importante de como terapias genéticas podem salvar vidas e trazer melhorias para a qualidade de vida de pacientes com doenças genéticas.