No dia 25 de março, um grande time de produtores, executivos e atores renomados fará uma visita a Cupertino, na Califórnia. Eles têm hora marcada para comparecer ao Steve Jobs Theater e presenciar mais uma apresentação luxuosa da Apple. Dessa vez, porém, o foco não será um dispositivo: os holofotes estarão todos apontados para a mais nova aposta bilionária da empresa na área de entretenimento.

Sim, a Apple vai realmente lançar um serviço próprio de streaming. A data ainda é uma incógnita, mas é possível que, até o fim do ano, o primeiro programa esteja disponível ao público. Espera-se que, durante o evento da próxima semana, a Apple revele detalhes da nova plataforma e das suas atrações, que incluem estrelas como Jennifer Aniston, Reese Witherspoon, Octavia Spencer, Jason Momoa, J.J. Abrams, M. Night Shyamalan e Steven Spielberg.

Mas o que leva os gênios do Vale do Silício ao estrelado território de Hollywood? A resposta, por “incrível” que pareça, é dinheiro. Por mais que seja a primeira companhia americana a ter valor estimado em mais de US$ 1 trilhão, a Apple mostra estagnação nos lucros e receitas em queda, como apontado nos últimos relatórios financeiros.

Por isso, agora o plano não é apenas vender aparelhos, como também enchê-los de conteúdo – e para isso precisam de artistas. Com o novo produto, que vai colocar a Apple de frente com a Netflix, a Amazon e a HBO, a empresa vai se lançar ao caminho do entretenimento, deixando um pouco de lado, da noite pro dia, seu espaço de gala na indústria tecnológica.

Qual é o cenário?

A Apple chega tardiamente ao mercado de streaming, mas nada a impede de querer (e poder) sentar na janelinha. O conteúdo da sua plataforma também será centrado em programação original, que consagrou serviços como o da Netflix, Amazon e Hulu, e que tem marcado presença em premiações importantes do cinema.

O evento no campus da Apple Park deve levar aos fãs da Apple um cenário das produções em desenvolvimento para a plataforma. Cinco séries já estão com as filmagens finalizadas e cerca de outras seis estão com a produção encaminhada, de acordo com o New York Times. A quantidade de conteúdo original ainda deve aumentar em 2020, colocando o serviço da Apple no páreo com outras grandes produtoras.

Por mais atrasada que a Apple esteja, ainda assim permanece na frente de outras duas concorrentes. O evento na Califórnia ocorre duas semanas antes da Disney divulgar elementos do seu iminente serviço de streaming e muitos meses antes da Warner Media revelar quaisquer detalhes da sua própria plataforma.

Ainda existem preocupações

É quase inevitável que exista um choque cultural quando uma empresa de tecnologia, conhecida por proteger segredos comerciais, penetra no mundo do show business, que fala uma língua de mais contato direto entre os concorrentes. Mas o problema da Apple, por enquanto, parece ser outro ainda pior: muitos funcionários da própria companhia sabem muito pouco ou absolutamente nada sobre o lançamento da plataforma, dos programas e até mesmo quanto aos planos da empresa para o serviço.

A equipe de entretenimento da Apple tem sido muito fechada quanto a suas estratégias, apenas divulgando-as para pessoas envolvidas nos novos programas. O evento de 25 de março pode acalmar as preocupações de Hollywood, mas muitos interpretam a falta de comunicação como um sinal de que pode não haver um plano de ações claro.

As preocupações, porém, não impediram grandes nomes de fazer negócios com a empresa. Ao todo, a Apple encaminhou aproximadamente duas dúzias de séries e fechou com nomes como Oprah Winfrey, Damien Chazelle, Chris Evans e outros.

Confira uma prévia das produções confirmadas:

  • Duas séries do produtor J.J. Abrams, uma estrelando Jennifer Garner e outra de conteúdo musical, com Sara Bareilles;
  • Séries (ainda sem título) com Reese Witherspoon e Jennifer Aniston;
  • Um “reinício” da série “Amazing Stories”, com direção de Steven Spielberg;
  • O drama “Are You Sleeping?”, com Octavia Spencer;
  • Uma nova obra de M. Night Shyamalan;
  • “See”, com a estrela de “Aquaman”, Jason Momoa.

Fonte: New York Times