Em novembro do ano passado, os Correios acusaram lojas online da China de “trapaça” no envio de produtos ao Brasil. Sem citar nomes, a agência estatal disse que empresas chinesas se aproveitam de uma brecha para garantir entregas mais baratas aos brasileiros.
Agora, os Correios se preparam para acabar com a suposta manobra. Em entrevista ao Valor, o presidente da estatal, Guilherme Campos, disse que as ofertas de frete grátis dessas lojas chinesas “trapaceiras” podem acabar ainda em 2018, graças a um novo método de cobrança.
Os Correios pretendem implementar um sistema que cobra o frete diretamente do comprador no momento da entrega. Desse modo, mesmo que a loja online tenha prometido frete grátis, o valor teria de ser pago pelo consumidor, diretamente aos Correios, antes de receber a encomenda.
Além disso, Campos disse que a estatal está em contato com o governo chinês para discutir a situação. Em novembro passado, os Correios também disseram que estavam trabalhando com órgãos internacionais de regulamentação para impedir que os chineses continuem com essa prática.
A brecha em questão está numa norma da União Postal Universal, segundo a qual é possível enviar remessas internacionais de até 2 kg de um país a outro sem precisar de registro. É o chamado modelo de “carta simples”.
“Aproveitando-se dessa norma, os sites de compras chineses, em sua maioria, têm enviado ao Brasil encomendas sem registro e, consequentemente, sem rastreamento”, explica a nota dos Correios. Com isso, as lojas da China gastam menos, enquanto o órgão brasileiro toma prejuízo.
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Além disso, os Correios dizem que essa manobra gera outras consequências, como o “aumento no tempo de processo para a triagem dos objetos internacionais, prejudicando os prazos de entrega e levando os consumidores nacionais à impressão de que o processo de correio, de forma geral, é ineficiente”.
Os Correios não citam lojas específicas, mas dizem que a China envia mais de 200 mil pacotes ao Brasil todos os dias. De acordo com Campos, a “trapaça” faz com que a estatal deixe de arrecadar R$ 1 bilhão por ano, ou 6% de toda a sua receita em 2017.
Esse novo sistema de cobrança, porém, ainda não foi oficializado e nem tem data para ser efetivado. Os Correios estão nos holofotes da imprensa nos últimos dias após anunciarem mudanças na cobrança de frete que atingem lojas online brasileiras e uma greve que pode atrasar entregas em todo o país.