Um gerente e dois candidatos a emprego que foram rejeitados pelo Facebook apresentaram uma queixa contra a empresa, acusando-a de ser tendenciosa contra funcionários negros em avaliações, promoções, remuneração e práticas de contratação. 

A queixa, de acordo com o Washington Post, foi apresentada à Comissão de Igualdade de Oportunidades de Emprego (EEOC), a agência federal que administra as leis de direitos civis em relações trabalhistas. “Acreditamos que é essencial proporcionar a todos os funcionários um ambiente de trabalho respeitoso e seguro. Levamos a sério todas as alegações de discriminação e investigamos todos os casos”, disse o porta-voz do Facebook, Andy Stone, em comunicado sobre o processo.

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Um dos reclamantes é Oscar Veneszee Jr., gerente de programa de operações cujo trabalho era ajudar a recrutar veteranos das Forças Armadas para a empresa. Os outros dois são candidatos que Veneszee recrutou, mas que a empresa optou por não contratar apesar do processo de seleção apontar possuírem qualificações acima dos requisitos declarados para os cargos em que se candidataram.

A denúncia alega que existe um padrão de discriminação e preconceito contra funcionários negros na empresa, que seria recorrente no Vale do Silício. Gerentes levam em consideração se o candidato se encaixa “culturalmente” na empresa, uma prática tendenciosa que levaria à predominância de funcionários brancos e asiáticos.  

De fato, 87% dos mais de 48 mil trabalhadores do Facebook são asiáticos ou brancos – uma composição étnica comparável a outras empresas do Vale do Silício, de acordo com a empresa. Os trabalhadores negros representam apenas 3,8%, sendo 1,5% em trabalhos técnicos e 3,1% em posições de liderança sênior – um número que variou pouco ao longo dos anos.

Em 2018, o ex-gerente do Facebook, Mark S. Luckie acusou a empresa de ter um “problema com pessoas negras”. Especificamente, Luckie alegou que a empresa se comportava de forma diferente com funcionários afro-americanos e disse que o site era “tendencioso” contra usuários negros. Um ano depois, um grupo anônimo de funcionários negros do Facebook escreveu uma carta aberta falando que o problema “tinha ficado pior”.

De acordo com Veneszee, em seus três anos no Facebook, ele nunca foi avaliado por outra pessoa negra. O gerente conta que ainda foi repreendido quando ofereceu a um colega recrutador a sugestão de incluir mais universidades historicamente negras em seu plano de recrutamento para novos estagiários.

Depois de reclamar internamente sobre discriminação por vários anos, Veneszee disse que o boicote promovido à plataforma por marcas que alegam falha no controle de conteúdo de ódio, e os protestos pela morte de George Floyd o levaram a prestar a queixa. “Pode haver pôsteres de ‘Black Lives Matter’ nas paredes do Facebook, mas os trabalhadores negros não veem essa frase refletindo como são tratados no próprio local de trabalho”, afirmou.

Via: Washington Post