Quando falamos de empreendedorismo, inovação e transformação digital, por instinto, é quase como se estivéssemos falando da mesma coisa. Apesar de conceitos distintos, são sim complementares.

À medida que a humanidade evolui, surgem também novos empreendedores, ávidos por conquistar o seu espaço, se diferenciar, se destacar e atender às necessidades latentes dos mercados.

Mas ser este motor de transformação significa muito mais que simplesmente arrumar uma solução para uma demanda, é preciso se diferenciar dos demais, inovar, que nada mais é que fazer o que ninguém fez, ou ainda, fazer melhor o que já vem sendo feito.

O agente da inovação é o ser humano, mas o atual e maior condutor da inovação é, com certeza, a transformação digital; ou a implementação das tecnologias aos processos e procedimentos, que os tornam mais eficientes.

E é isso que os stakeholders buscam hoje! Empresas que “pensem fora da caixinha”, que apresentem soluções atrativas, customizáveis, eficientes, etc. Companhias tradicionais têm buscado na aquisição e/ou interação com empresas de tecnologia e start-ups uma porta para essa atualização, inovação e, obviamente, a transformação digital. E as start-ups tentam revolucionar o mercado com novos modelos de negócio ou inovações.

Esse cenário é muito interessante, pois nos próximos anos veremos (na verdade já estamos vendo) empresas se reinventando, errando, recomeçando, readequando, enfim, se transformando.

Mas toda essa transformação implica em um aumento considerável de exposições e vulnerabilidades antes não vistas e apuradas. São novos riscos que surgem à medida que mudamos a forma de fazer negócios, que novas relações surgem, que novas regulamentações e reguladores são apresentados, até mesmo que novos hardwares e maquinários em geral são adotados.

E como se preparar para isso?

Entender o perfil do consumidor é um passo fundamental, afinal são os consumidores que determinarão como se dará a relação de consumo. A partir daí a empresa pode se preparar para fornecer o produto ou serviço como o planejado, mas considerando, antes mesmo de implementar, qual a tecnologia e as vulnerabilidades a ela atreladas que terá que prevenir.

Isso nos leva a um segundo aspecto muito importante que é a modernização do modelo de negócio. Eficiência na entrega muitas vezes exige o uso de tecnologias disruptivas, que por sua vez significa aumento do número de vulnerabilidade devido ao uso de uma tecnologia pouco estudada, isso é um desafio para as companhias.

Deve haver ainda uma preocupação com os times envolvidos no dia a dia da empresa, o perfil dos trabalhadores tem mudado, assim como a forma de trabalho, a empresa precisa avaliar esse risco também à medida que a conectividade e o uso de aparelhos pessoais passam também a ser uma realidade. Além disso, os colaboradores por vezes ficarão distantes dos perímetros físicos da empresa, criando um novo perímetro corporativo que é tão extenso quanto a presença dos colaboradores, ou seja, onde aquele colaborador está é um ponto de vulnerabilidade que pode ser explorado.

Todos estes aspectos criam um novo tipo de ativo com extrema relevância para as companhias que são os dados, os ativos intangíveis passam a ser de extrema relevância para o desenvolver dos negócios da companhia. Assim, investimentos em segurança da informação são imprescindíveis para garantir o grau de confiança do mercado na empresa, bem como a confiabilidade nas informações produzidas, que são usadas para a condução estratégica.

Um ponto crítico de atenção deve ser a forma como os dados são coletados, armazenados, processados e passados adiante. Se estes processos são conduzidos da maneira correta, podem garantir à empresa uma vantagem competitiva sobre os demais participantes de seu mercado. No entanto, se conduzidos da maneira errada, esses processos podem resultar em investigações administrativas, danos à reputação, ações judiciais, etc. Estar em conformidade com as legislações e regras para realizar esse tipo de atividade é crucial, e realizar esse tipo de atividade é mandatório para o futuro.

É claro que não podemos esquecer da interconectividade entre as empresas parceiras, ou a famosa cadeia de suprimentos. As empresas estão cada vez mais interconectadas, e infelizmente os acessos às medidas de proteção e segurança não são comuns a todos. Nos engajarmos e ajudarmos nossos parceiros a se atualizarem e acompanharem a transformação digital é imprescindível para que possamos manter a existência saudável de nossos negócios, afinal a cada parceiro que é deixado para trás é um novo problema que criamos. 

Enfim, ainda há muitos outros aspectos que devem ser levados em consideração, mas a mensagem que fica é a da mudança acompanhada de riscos e vulnerabilidades. Não os enfrentar pode nos impedir de progredir, é preciso encará-los e aceitar que eventualmente erraremos e que eventualmente falharemos. O quanto antes aprendermos e nos aperfeiçoarmos, mais destacados estaremos dos demais.