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“A ideia original da web é que ela deve ser um espaço colaborativo, onde você pode se comunicar por meio do compartilhamento de informações” Tim Berners-Lee (Cientista de computação inglês -1955-)

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Aqueles que acompanham minha coluna sabem que tenho um olhar crítico em relação aos sites de mídias sociais (SMSs). Afinal, os SMSs e em especial o Facebook, apesar do uso de tecnologias de ponta, seus milhares de desenvolvedores talentosos e algoritmos baseados em inteligência artificial, deixam bots, perfis falsos e notícias falsas (fake news) invadirem nossos feeds de notícias como pragas. Mark Zuckerberg está “levando porrada” de todos os lados, do público, da mídia tradicional, jornalistas e políticos, que notaram (com razão) que estamos diante de um problema sério: notícias falsas podem abalar processos democráticos, influenciar de forma negativa milhões de pessoas e criar “bolhas fechadas” dentro das SMSs, com alto poder combustão e radicalismo. Mas, será o Facebook o único responsável?

O começo da história

Mídias sociais é um termo amplo o qual abrange diferentes espaços de interação entre usuários, tais como instant messengers, fóruns, blogs e os SMSs. Mas há uma diferença fundamental entre a infância da World Wide Web e sua adolescência rebelde atual: o empoderamento do usuário. Um acontecimento chamado Web 2.0, o qual marca a chegada dos SMSs e das ferramentas para produção, publicação e compartilhamento de conteúdos. Historicamente, a internet sempre foi um espaço de interação repleto de fake news e isto faz parte da cultura digital. A produção de conteúdos falsos, fotomontagens e memes, já existia desde os tempos do image-board 4Chan (e isso é bem antigo!). Hackers sempre foram mestres em criar informações mentirosas com o objetivo de roubar dados pessoais ou invadir sistemas.

A vida “virtual” nunca foi uma caminhada por um paraíso idílico, muito pelo contrário, para os leigos em tecnologia (nesta categoria estão alguns bilhões de usuários) ela sempre foi e será bem arriscada, tal como atravessar uma floresta escura repleta de predadores. Que fique claro: o conteúdo (verdadeiro ou falso) na era da Web 2.0 tem sua origem em nossas mãos e é por nós compartilhado. Metaforicamente, o Facebook é um supermercado, ele é responsável por colocar os produtos nas prateleiras. Mas neste supermercado somos nós (em 99% dos casos) que fazemos os produtos e somos nós que escolhemos os produtos que vamos levar para casa. A pergunta é: qual o critério ou processo mental que estamos utilizando para isso?

O fim da história

O Facebook rebolar e ajustar seu algoritmo para frear as notícias falsas é algo nobre, mas não vai resolver. É como pedir para o gerente do supermercado avaliar, classificar, testar, provar, ler rótulos e informações de cada produto que está nas prateleiras e no final “decidir por nós”. Somente no Facebook, 300 milhões de fotos são publicadas por dia e estatísticas mostram que 4,75 bilhões de peças de conteúdo são compartilhadas diariamente. É preciso reconhecer a origem do problema: nós mesmos. Parte da responsabilidade está no sistema educacional o qual anda refém das SMSs.

Assim, bem antes de chegar no Facebook, Twitter ou qualquer outra mídia social, nós precisamos reaprender a ler e adquirir conhecimento. Primeiro valorizando a leitura de bons livros, artigos, revistas, jornais e também canais de vídeo e blogs de professores sérios e talentosos. Todos estes materiais estão em formato digital, on-line, à disposição dos usuários e a maioria com acesso gratuito. Segundo, é preciso acabar com o critério de escolha de conteúdo baseado em volume de audiência (curtidas ou número de seguidores por exemplo) o qual não reflete a qualidade e veracidade do conteúdo em si. Hoje, qualquer um pode comprar curtidas ou seguidores. Terceiro, compreender de uma vez por todas o grau de responsabilidade do ato de compartilhar: assim como não servimos no jantar para os amigos ou nossa família uma comida que compramos e pode estar estragada, não devemos compartilhar notícias cuja fonte é duvidosa.

O Facebook pode mudar seu algoritmo, mas não vai vencer as notícias falsas. É o nosso algoritmo mental que precisa de atualização.

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