Logo no começo do último evento que participei, o jovem Flávio Vinte, fundador da Vivaçucar, listado na Forbes 30 Under 30, em seu painel de abertura disse, de maneira muito convicta e intensa, que “não há como parar o progresso”. Aquela frase mexeu comigo. Já havia escutado isso antes, mas o impacto nunca fora como naquela noite.

Imediatamente, boa parte do tom do discurso programado para o meu painel mudou completamente de forma consciente. Minha apresentação, na sequência a do Flávio, falaria sobre aspectos dos riscos cibernéticos que as empresas deveriam prestar atenção neste ano de 2019, de acordo com as previsões da Aon.

Enquanto eu me apresentava e fazia uma rápida brincadeira com os presentes, percebi que a maneira como eu estava me comunicando naquele momento era o caminho que gostaria de seguir dali para frente para alcançar os objetivos traçados nesse universo de desenvolvimento do seguro cibernético. Reconheci que, por muitas vezes, discursei daquela forma de jeito inconsciente, mas agora estava usando essa retórica de modo focado e objetivo.

Desde o começo do nosso ambicioso projeto envolvendo o desenvolvimento do seguro para riscos cibernéticos, nós tínhamos na cabeça o seguinte: temos que conscientizar o mercado e disseminar o conhecimento! Só assim conseguiremos desenvolver esse produto localmente. Ao longo dessa jornada que completa seu primeiro ano, entendemos a importância de tratar as ameaças cibernéticos de forma multidisciplinar e de aproximar stakeholders, além da necessidade de sempre nos mantermos atualizados.

Nos aproximamos de empresas que se especializaram em áreas que não éramos especialistas, ouvimos diferentes perspectivas sobre o risco dentro da perspectiva de clientes e parceiros, escrevemos artigos e materiais com os resultados de nossas pesquisas e estudos e promovemos uma série de eventos. Encontros que falavam sobre o produto, as legislações e os riscos, até que finalmente chegamos a esse atual modelo de comunicação que usamos, onde focamos em falar sobre inovação e progresso.

Como em meio a crises econômicas e políticas, somadas as diversas ameaças aos negócios que se revelam todos os dias, as empresas poderiam promover a inovação de forma inteligente? Como desenvolver o meu negócio, se a cada minuto que passa eu estou suscetível a um novo risco? Como fazer meu negócio crescer se do dia para noite algo que eu não avaliei pode me destruir? Como progredir se cada regra nova que surge parece aumentar a burocracia e frear o desenvolvimento?

Enquanto eu explicava à plateia as previsões da Aon sobre os aspectos relevantes dos riscos cibernéticos para 2019 e observava os colegas ao meu redor, percebi duas coisas – que o nosso discurso sobre a importância do tratamento multidisciplinar dos riscos não era só uma opinião, era um fato. Ninguém naquela sala teria todas as respostas em cem porcento dos casos, mas com certeza a união de várias mentes ali presentes poderia contingenciar substancialmente as ameaças às operações; e que podermos olhar para todo esse cenário de riscos e problemas de duas formas: como barreiras que impedem o nosso crescimento ou como percalços, que se enfrentados e bem administrados podem resultar no crescimento e desenvolvimento sustentável de incríveis negócios.

Sempre vai haver alguém ou algo que tente frear ou impedir o desenvolvimento. Se pararmos ou desistirmos a cada vez que nos deparamos com essa infeliz parte da realidade de se empreender, jamais vamos conseguir criar algo que tenha relevância e impacto para o mercado e a sociedade.

Ao inovar as empresas devem sim considerar as ameaças que envolvem sua operação no intuito de progredir, mas não criar receios e medos que as impeçam de atuar. É por isso que se deve contar com parceiros de confiança que ajudem as companhias não apenas enxergarem os riscos, mas que viabilizem, principalmente, soluções contra estas ameaças.

Muitas vezes é frustrante o custo incorrido na adoção destas soluções de gerenciamento de riscos e compliance, mas ouvi uma frase de um colega de mercado que diz muito sobre isso: “se você acha que estar em compliance é um processo caro, tente não estar em compliance”. Isso nos faz pensar que o custo é realmente relevante, mas se nos reunirmos e debatermos as ameaças que circundam a operação, tenho certeza que conseguiremos elencar ordens de prioridade para a atuação e planejar o gerenciamento de riscos ao longo dos anos.

Estudos apontam que a grande maioria das novas companhias entram em falência dentro dos cinco primeiros anos, evidenciando que o conhecimento técnico a respeito de um determinado produto ou serviço criado deixa de ser suficiente quando a gestão do negócio é mal conduzida. Quantas ideias maravilhosas já devem ter morrido por inúmeros motivos, como a falta de capacidade dos donos de empresa de se conversarem, pedirem ajuda ou mesmo reconhecerem que a gestão dos riscos deveria ser feita.

Para mim, a mensagem que fica de todo o exposto é que se pode inovar de forma inteligente e responsável. É possível criar um novo modelo de negócio se adequando à realidade da sociedade. É possível criar de forma sustentável, desde que saibamos nos comunicar.