Qual é o valor de um meme? Um grupo de usuários do Reddit vem brincando com a pergunta há algum tempo num espaço chamado r/MemeEconomy, que é uma espécie de bolsa de valores na qual é preciso comprar memes que começaram a ganhar popularidade e vender aqueles que saturaram, como se sua bolha estivesse próxima.
Agora, segundo reporta o The Verge, 12 pessoas resolveram tornar a ideia mais profissional com o desenvolvimento de uma plataforma chamada NASDANQ. Ela servirá para a construção de uma infraestrutura financeira na qual os memes serão interpretados como ações. Liderados por Brandon Wink e Ron Vaisman, eles querem estudar esse fenômeno de comunicação de uma forma que seja possível precificar os memes de acordo com seu poder cultural.
A NASDANQ não envolverá dinheiro de verdade, e sim uma moeda própria. Como acontece no Banco Imobiliário, cada jogador entrará ganhando uma quantia (neste caso, 1.000 unidades do dinheiro) para dar início à sua carreira. Grupos podem se juntar para montar uma firma, e cada firma escolherá memes para inclusão na bolsa. Se um meme for indicado por várias firmas diferentes, ele entra no sistema financeiro e passa a ter seu valor disputado com base em critérios de popularidade e impacto cultural. Haverá três categorias de memes: “penny stocks” (não muito populares), memes de texto (quando o texto é sempre igual, mas a imagem muda) e os baseados em imagem (o oposto do item anterior).
Em entrevista ao Verge, Vaisman reconheceu que a ideia causará polêmicas, já que cada internauta interpreta a valorização e a desvalorização de um meme de formas diferentes. “Como se distingue algo tão único em uma ponta e então como você quantifica isso objetivamente?”, questiona-se.
O criador pode achar que, quando seu meme começa a aparecer demais, a bolha está próxima do estouro e, portanto, seu valor tende a diminuir. Por outro lado, quando ganha o mainstream, o meme atinge uma nova gama de internautas e tende a se tornar mais popular — o que, para aquelas pessoas, pode significar que ele é mais valioso. “A cultura é, em si, muito resistente à legitimidade”, comentou Wink. “Há este sentimento geral de que crescer é uma sentença de morte. Mas em outras comunidades, por exemplo, pessoas que só visitam o Facebook, para eles não é tipo: ‘Oh, se eu vir isso [o meme], está morto’, é mais: ‘Oh, isso está apenas começando e eu estarei vendo [o meme] com muito mais frequência’.”
Além disso, há que se considerar que memes têm uma tendência a ressurgir, o que significa que um que tenha sido dado como morto neste ano pode acabar ganhando uma nova roupagem no ano que vem e, consequentemente, um novo valor.
O grupo começou a trabalhar no desenvolvimento dessa plataforma em agosto passado. “Está levando algum tempo [para ficar pronta]”, reconhece Vaisman. Ele disse ao Verge que a NASDANQ contará com um site e aplicativos móveis. O sistema será baseado em algoritmos e os desenvolvedores já adiantam que é provável que vários bugs tenham de ser corrigidos no período após o lançamento. Só que ainda não há uma data para isso acontecer.