Os problemas do YouTube com conteúdo que envolve crianças chegaram ao governo federal. De acordo com um novo relatório do Washington Post, a Comissão Federal do Comércio estaria investigando as práticas de coleta de dados do YouTube e as falhas na proteção das crianças. A investigação está em fase avançada e foi instaurada após reclamações de grupos de consumidores e defensores da privacidade. 

Alguns políticos já comentam sobre a investigação. O senador Edward Markey declarou que um estudo sobre “o tratamento do YouTube com crianças na rede está em atraso”, em um comunicado nesta quarta-feira (19), acrescentando que “a empresa ainda precisa tomar as medidas necessárias para proteger seus usuários mais jovens”.

Os executivos do YouTube e do Google, incluindo os respectivos CEOs Susan Wojcicki e Sundar Pichai, aceleraram as buscas por uma solução para o problema. Ainda em fevereiro, o YouTube decidiu fechar a seção de comentários da maioria dos vídeos estrelando crianças, como forma de evitar que mensagens predatórias se espalhassem. A plataforma também proibiu a realização de transmissões ao vivo por menores sem a presença de um adulto na sala.

Os executivos do YouTube são muito pressionados por legisladores, críticos e até mesmo alguns dos seus funcionários para dar um fim à recomendação de vídeos que contenham crianças. Um porta-voz do YouTube disse ao The New York Times no início deste mês que isso poderia afetar os criadores de conteúdo. Por fim, a plataforma removeu “recomendações de vídeos que, de acordo com o YouTube, colocam crianças em risco”, segundo o Times.

Moderação é um problema crescente

Wojcicki e Pichai parecem estar buscando medidas mais fortes para resolver o problema. Uma possível solução, de acordo com o Wall Street Journal, é transferir todos os conteúdos para crianças para um aplicativo independente do YouTube, o YouTube Kids. No entanto, até essa medida vem com seus próprios problemas, já que o aplicativo enfrenta uma série de desafios de moderação, incluindo discussões gráficas sobre pornografia e suicídio, linguagem sexual explícita em desenhos animados e exposição de maus comportamentos.

Há também a questão das crianças não usarem o aplicativo tanto quanto o site principal. Fontes internas do YouTube sugerem que as crianças “tendem a migrar para o site principal do YouTube antes de atingir 13 anos de idade”. Mesmo que o aplicativo receba mais de 20 milhões de pessoas por semana, isso seria apenas uma fração do número de visualizações que os canais populares de crianças arrecadam no site principal.

Conteúdos com crianças são facilmente disseminados no site, agravando os problemas de moderação. As crianças são frequentemente incorporadas ao vlogging familiar, um setor em rápido crescimento; elas estrelam em seus próprios canais jogando ou brincando com amigos; muitas até mesmo fazem parcerias com vloggers populares. E, por mais que a proteção infantil seja uma das principais prioridades do YouTube, lidar com a reação dos criadores é algo que a empresa também pesa muito.

Fonte: The Verge