O ano de 2015 foi o ano da crise no Brasil, e foi fácil perceber o impacto do momento ruim na indústria de smartphones. Os aparelhos top de linha, que sempre foram caros no país, começaram a ficar ainda mais absurdamente caros. Nada explicita mais o momento do que dois smartphones específicos, que recebem o título de mais custosos do país: o iPhone 6s, da Apple, e o Xperia Z5, da Sony. 

São os dois smartphones a romper a barreira psicológica dos R$ 4 mil no Brasil. O Galaxy S6 Edge Plus havia chegado à marca. No entanto, o Xperia Z5 supera o temido número, e as versões mais robustas em armazenamento do iPhone 6s também. 

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Mas afinal de contas: qual aparelho de mais de R$ 4 mil é melhor? Para o comparativo, levaremos em consideração a versão de 64 GB do iPhone 6s, que é mais cara e mais útil que a de 16 GB (que não deveria nem existir a esta altura do campeonato, porque o espaço é insuficiente). 

Desempenho

É muito difícil comparar desempenho de aparelhos em sistemas operacionais diferentes e com hardwares completamente diferentes. Cair no reducionismo de comparar número de núcleos e clock do processador é muita inocência e um pouco de ignorância. Já explicamos neste link os motivos. 

Resumindo: você pode comparar um processador Snapdragon 810 com o 808, por exemplo, com base no número de núcleos e clock, porque ambos usam uma arquitetura bastante similar já que são ambos da mesma empresa: a Qualcomm. Quando você está comparando chips tão diferentes como é o caso do A9 (do iPhone) e o Snapdragon 810 (do Xperia), números não significam muita coisa. É preciso olhar testes de desempenho e comparar os resultados. 

Felizmente, recentemente a AnTuTu liberou o ranking dos smartphones mais rápidos do ano, que ajuda a esclarecer nossas dúvidas. Neste ranking, não houve sequer algum tipo de competição: o iPhone 6s foi disparado o aparelho com melhor resultado na lista. 

Software

Essa é outra disputa complicada, porque entramos na esfera do “Android versus iOS”. Como todos sabemos, basta citar esta temática na internet para criarmos uma briga que normalmente descamba para as ofensas pessoais. Vai entender esse povo. 

Trata-se de uma escolha pessoal, portanto, e já avisamos de que este quesito tem um empate. O máximo que podemos fazer é citar algumas características de cada plataforma, porque cada uma tem seus pontos fortes e fracos. 

O iPhone é o iOS e vice-versa. O sistema, construído para rodar no hardware da Apple, apresenta, em geral, maior estabilidade do que o Android, construído para ser compatível com o maior número de dispositivos possíveis. Por ser mais fechado, ele costuma ser mais seguro, já que o usuário só pode instalar em seu celular os apps pré-aprovados pela Apple, publicados na App Store. O sistema é leve e rápido, mas permite pouca customização, o que pode ou não ser um problema dependendo do seu modo de uso. Esta nova versão conta também com o 3D Touch, um recurso que detecta o nível de pressão que o usuário aplica na tela e transforma em comandos. A novidade faz bastante diferença em usabilidade e deve se tornar tendência em outros smartphones em pouco tempo. 

Já o Xperia Z5 usa o Android 5.1. A diferença do Z5 para outros modelos lançados pela Sony no passado é que as modificações que a Sony fez no Android são mais leves e sutis, colocando o software próximo do Android puro. A interface mais light é uma vantagem, já que outros aparelhos da empresa costumavam ser mais pesados e com mais elementos que poluíam a interface. Mesmo assim, por ser baseado no sistema do Google, o aparelho compartilha seus defeitos e qualidades: amplamente customizável e livre, mas ao mesmo tempo mais pesado, o que é compensado com um hardware suficientemente potente, com mais brechas de segurança e instabilidades mais frequentes, mas longe de oferecer uma experiência de uso ruim. Pelo contrário: nunca um aparelho da Sony esteve tão afiado em software. 

Câmera

Um dos grandes pontos fortes da Sony. Na verdade, o próprio iPhone (e muitos outros smartphones) usa sensores e lentes da Sony, o que dá uma dimensão da vantagem que a empresa tem neste ramo. Contudo, a diferença não é muito grande entre as duas câmeras na prática. 

Estamos falando de duas das melhores câmeras de smartphones do mercado, comparáveis em qualidade à do Galaxy S6, que é outro aparelho que entra nessa lista dos tops do ano. No entanto, segundo o site especializado DxOMark, a maior referência em análise de câmeras, a vantagem vai para o Xperia Z5, mas por pouco. O aparelho da Sony foi considerado a melhor câmera em smartphones do ano, empatado com o da Samsung. O iPhone 6s aparece logo em seguida, muito próximo. 

A contagem de pixels também é favorável ao Z5, com 23 megapixels no sensor traseiro e 5 MP no dianteiro, contra os sensores de 12 megapixels na traseira do iPhone 6s, enquanto o sensor frontal é igual, com 5 megapixels. Em relação à abertura da lente, o aparelho da Sony também sai na frente, com uma abertura maior de f/2.0 contra f/2.2 do smartphone da Apple. O foco automático do Xperia também é incrivelmente rápido, enquanto o do iPhone não chega a impressionar. 

É uma pena observar que nenhum dos dois modelos contem com estabilização óptica de imagem. O smartphone da Sony, no entanto, consegue disfarçar um pouco melhor essa ausência do que o iPhone com estabilização digital. Ambos são capazes de fazer vídeos em 4K (o que faz o iPhone de 16 GB fazer ainda menos sentido). 

Tela

Outro fator favorável ao Xperia é sua tela de 5,2 polegadas com resolução Full HD (1920×1080), enquanto o iPhone ainda está na resolução HD (1280×720) comprimida em um painel de 4,7 polegadas. É possível argumentar que o display com a maior quantidade de pixels pode gastar mais bateria, mas isso é trivial quando se compara a autonomia do Z5 com a do iPhone 6s (o Z5 se sai bem melhor nesse aspecto). 

Isso não quer dizer que o display do iPhone seja ruim. Ele é bastante eficiente na reprodução fiel de cores e é capaz de reproduzir imagens belíssimas. No entanto, a Apple é conhecida por nunca ir além do necessário ao escolher as configurações de seus produtos, e a tela é o símbolo máximo disso, enquanto todos os concorrentes já chegaram ao Full HD, e alguns já estão no 2K, e até mesmo 4K. 

No fim das contas, a densidade de pixels do iPhone 6s é mais do que suficiente para a maioria das pessoas. No entanto, a densidade do Xperia Z5 é ainda maior e, mesmo que possa ser mais do que o necessário, isso faz da tela da Sony melhor. Ponto para o Xperia. 

Preço

Os dois perdem, já que são os primeiros smartphones no Brasil a romper a marca dos R$ 4 mil. O iPhone 6s de 64 GB (novamente: o iPhone de 16 GB não deveria ser comprado por ninguém, nem deveria existir a essa altura) e o Xperia Z5 custam, ambos, R$ 4,3 mil segundo a tabela oficial da Apple e da Sony. 

Felizmente, o varejo já percebeu que estes preços são ridículos e os valores começaram a cair lentamente. Já é possível encontrar o Z5 na faixa entre R$ 3,3 mil e R$ 3,7 mil. Ao mesmo tempo, se você não olhar diretamente na loja da Apple, o iPhone 6s de 64 GB já pode ser encontrado por R$ 3,8 mil. Ainda não são preços amigáveis, mas são menores do que os de lançamento. 

Como o preço do Xperia Z5 está caindo mais rápido, o ponto vai para ele. 

Conclusão

Esta é a comparação mais subjetiva possível, porque quando comparamos plataformas diferentes, os critérios técnicos tendem a desaparecer diante da preferência pessoal. É muito difícil falar para um fã da Apple que seria melhor comprar um Android, assim como é difícil falar para um fã do Android que seria melhor comprar um iPhone. 

Com base nos critérios acima, é possível fazer uma distinção entre os dois aparelhos, no entanto. Se você prefere um aparelho com uma câmera mais confiável e uma tela melhor, o Z5 é a melhor opção. O iPhone 6s, por sua vez, é um monstro em desempenho e tem a estabilidade que só o iOS produzido para funcionar com o hardware da Apple oferece. 

Então, o resultado mais justo, considerando aspectos técnicos, seria um empate. Se for para realmente escolher um vencedor, talvez o Z5 saia um pouco na frente porque seu preço está caindo mais rapidamente, tornando-o uma opção melhor em custo-benefício.