Faz alguns anos que se ouve falar em projetos de lentes de contato inteligentes. O Google foi um dos pioneiros da ideia, com o projeto de lente da Verily, empresa criada quando a companhia virou Alphabet e criou várias subsidiárias. Agora, no entanto, um novo projeto tenta corrigir o que o aparelho do Google falhou em fazer: ser confortável o suficiente para ser usado.

As lentes inteligentes apresentadas até hoje continham eletrônicos embutidos dentro de substratos rígidos, que poderiam distorcer a visão, proporcionando quebras e desconforto. No entanto, os cientistas da Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia de Ulsan, na Coreia do Sul, dizem ter conseguido criar uma opção mais maleável, que faz com que o usuário não sinta tanto incômodo.

Segundo os pesquisadores, a lente é flexível graças a um novo design, que mantém as partes eletrônicas isoladas dentro de bolsões ligados por condutores elásticos, de forma que o aparelho se adapte ao olho, e não o contrário. Além disso, outra parte importante: a lente é realmente transparente, de forma a não distorcer a visão.

Antes de pensar em um cenário digno de Black Mirror, as lentes de contato conectadas reveladas até hoje têm um propósito claro, e ele não tem nada a ver com fazer fotos e vídeos. Até hoje, todos os projetos visam o objetivo comum de ajudar pessoas com diabetes a monitorar o nível de glicose em sua corrente sanguínea sem precisar constantemente furar sua pele com uma agulha.

O método consiste em coletar e medir constantemente a composição das lágrimas dos usuários. No caso desta lente dos pesquisadores coreanos, o equipamento conta com um LED constantemente aceso e, se perceber alguma alteração indevida nos níveis de açúcar do usuário, a luz começa a piscar para alertar o usuário de que alguma coisa está errada.

A questão importante a ser considerada é se as lágrimas realmente são um bom canal para medição dos níveis de açúcar. O site The Verge nota que existem estudos que mostram que essa técnica não é nem de longe tão precisa quanto a análise de uma gota de sangue extraída por uma agulha. Essa parte é importante, já que se trata de um aparelho que pode definir a vida ou morte de um usuário, então enquanto a técnica não for bem refinada, é bem difícil vermos uma lente dessas chegando ao mercado. Os cientistas sul-coreanos, no entanto, são otimistas: em cinco anos, poderemos ver uma versão comercial, explica Jang-Ung Park, coautor do estudo, em contato com o IEEE Spectrum.