Mídias sociais são espaços virtuais onde emoções afloram sem pudor. Para manter uma relação interpessoal, somos motivados a expressar nossas emoções, e plataformas sociais virtuais tais como Facebook estimulam, a partir de diferentes recursos, seus usuários a abrirem o coração. No eterno fluxo e refluxo de conteúdos, temos que lidar não somente com posts românticos e GIFs de flores se abrindo, mas também com a dura realidade do lado ruim da vida, avalanches de comentários agressivos, críticas duras e humor negro. Não bastasse as crises e desafios do mundo concreto, está cada vez mais comum encontrarmos jovens e adultos sofrendo de estresse, ansiedade e depressão por conta do uso de mídias sociais.

A questão é: existiria um método ou atitude, capaz de nos ajudar a lidar com o fluxo caótico, obsessivo e destrutivo de informações das mídias sociais sem termos que abandoná-las por completo? Talvez a resposta esteja numa filosogia antiga, o estoicismo.

Estoicismo real

O estoicismo foi um movimento filosófico do período helenístico (Grécia séculos III e II a.C.). O nome deriva da varanda (stoa poikilê) na Ágora em Atenas, onde os membros da escola estoica se reuniam. Seu fundador foi Zenão de Cício (322 a.C. – 262 a.C.), mas podemos creditar a três nomes e seus escritos o estabelecimento da filosofia estoica: Sêneca (0-65 d.C.), filósofo famoso, Epitecto (50-125 d.C.), um escravo e o imperador Marco Aurélio (121-180). O estoicismo destaca-se de outras correntes filosóficas por acreditar que é preciso ir além da reflexão sobre a vida, colocando em prática um exercício (askêsis) diário e pessoal na direção de uma forma mais agradável de viver. Os estóicos criaram um complexo sistema filosófico, mas nesse breve artigo, o foco está na visão estoica de que para ter uma vida boa (eudaimonia), a pessoa deve cultivar as quatro virtudes morais: Sabedoria (sophia), Coragem (andreia), Justiça (dikaiosyne) e Temperança (sophrosyne). Não por acaso, os estoicos acreditavam que a virtude era o único bem e caminho para a felicidade, e ainda hoje encontramos pessoas que seguem o estoicismo como uma “disciplina psicológica”, a qual lhes dá serenidade, segurança e confiança diante dos desafios da vida.

Estoico virtual

Os estóicos fizeram uma distinção entre as coisas que estão sob nosso controle e as que não estão. De forma simplista, nossos pensamentos e atitudes estão sob nosso controle e todo o resto não. Diante do turbilhão de emoções das mídias sociais, a chave é manter a razão no comando. Assim, se você tiver uma mente clara e reflexiva será capaz de distanciar-se do que está lendo ou assistindo no seu feed, decidindo se aquilo deve ou não fazer parte do seu dia. Toda emoção opera como um ímã, atraindo você pra ela. Nas mídias sociais, aja como um estoico virtual, fique fora do campo magnético das emoções e mantenha sua serenidade. Acredite, seu dia e sua noite de sono serão muito melhores.

Referências

Lasala, C. B., Galigao, R. P., & Boquecosa, J. F. (2013). Psychological impact of Social Networking Sites: A Psychological Theory. UV Journal of Research, 7.

Kim, J., LaRose, R., & Peng, W. (2009). Loneliness as the cause and the effect of problematic Internet use: The relationship between Internet use and psychological well-being. CyberPsychology & Behavior, 12(4), 451-455.

Paddock, C. (2015). Facebook Addiction – New Psychological Scale. https://www.medicalnewstoday.com/articles/245251.php

Sheldon, K. M., Abad, N., & Hinsch, C. (2011). A two-process view of Facebook use and relatedness need-satisfaction: Disconnection drives use, and connection rewards it. Journal of Personality and Social Psychology, 100 (4), 766–775.

Stoicism. Stanford Encyclopedia of Philosophy. First published Mon Apr 15, 1996; substantive revision Fri Dec 6, 2013.
https://plato.stanford.edu/entries/stoicism/

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