A próxima geração de iPhones pode até ter mais poder de processamento que os celulares Android atuais. Mas em um quesito importante, os novos celulares da Apple deverão ser lançados com desvantagem em relação aos dispositivos com sistema do Google já disponíveis no mercado: trata-se, segundo a Bloomberg, da velocidade do celular em redes móveis 4G.

O motivo para isso é um problema na cadeia de produção dos iPhones. A Intel, que é responsável por produzir alguns dos chips que vão dentro dos celulares da Apple, não será capaz de produzir um modem 4G à altura dos modems de última geração da Qualcomm, que já estão disponíveis em Androids top de linha como o Galaxy S8 da Samsung.

Em circunstâncias normais, a Apple poderia fazer o mesmo que as demais fabricantes fazem: entrar em contato com a Qualcomm para usar seus modems nos iPhones. Acontece que a Apple está no meio de uma verdadeira guerra jurídica contra a fabricante dos processadores Snapdragon. Em janeiro desse ano, a empresa de Tim Cook entrou com um processo bilionário contra a Qualcomm, argumentando que ela cobrava royalties indevidos pelo uso de sua tecnologia.

Não foi só isso: a Apple deixou de pagar seus fornecedores pela taxa de licenciamento de tecnologias da Qualcomm. Obviamente, essa medida irritou a Qualcomm (até porque obrigou a empresa a cortar suas estimativas de receita em US$ 500 milhões), e a empresa entrou com um processo contra a Apple. Ela está até mesmo tentando impedir que os iPhones sejam vendidos nos Estados Unidos.

G de Gigabit

Como resultado, os próximos iPhones já deverão sair da fábrica com um modem desatualizado. O modem mais recentes da Qualcomm é o X16, que é capaz de transferir dados em velocidades superiores a 1 gigabit por segundo em redes 4G; os modems dos novos iPhones dificilmente conseguirão superar essa marca.

Segundo a Bloomberg, alguns modelos da próxima leva de iPhones podem até vir com modems da Qualcomm. Mas mesmo nesse caso, algumas das capacidades deles viriam desabilitadas de fábrica, para que a Apple não precisasse entrar em questões de licenciamento de tecnologia com a outra empresa. 

Trata-se também de um problem da Apple com as operadoras de telecomunicações, porque os modems mais novos não apenas oferecem mais velocidade aos usuários, como também exigem menos da infraestrutura das telecoms. Por outro lado, como o The Verge ressalta, a maioria das operadoras sequer é capaz de oferecer velocidades desse tipo.

Fora isso, a própria Apple só tornou seus iPhones compatíveis com redes LTE (que são a base da tecnologia 4G) em 2012 – um ano depois da Samsung adotar essa medida. Não seria a primeira vez, portanto, que a empresa de Tim Cook decide introduzir novas tecnologias quando ela quer, ao invés de fazê-lo quando o mercado sugere.