Felizmente prever os rumos de tecnologia é simples, mas isto não significa que seja óbvio para onde estamos indo em tecnologias digitais. É possível orientar sobre as tendências mais fortes sem esquecer, no caso do Brasil, que os mais turbulentos temas de política e economia serão relevantes influenciadores da evolução da tecnologia digital, muito embora precisamos lembrar que o avanço da transformação digital tem acontecido sob chuva ou sol, mudando evidentemente seu estilo, mas sempre indo adiante.

A base tecnológica da transformação digital é Cloud. Sem Cloud, fazer IoT, AI, Data Analytics é, no mínimo, complexo demais. O mercado de Cloud está se concentrando em poucos e enormes players, o que é natural: quanto maior o volume de uma estrutura de Cloud, mais relevante, barata e inovadora ela se torna.

Assim, o domínio dos dois principais players que atuam no setor – AWS e Microsoft – em Cloud Pública ganha distância dos demais, que lutam para ter relevância. Mas é uma corrida impossível. A não ser que haja algum fato novo (e muito importante), nem o terceiro colocado ganha pódio aqui. Muita empresas usam AWS e Azure em ambientes distintos, visando utilizar o que cada provedor tem de melhor. E funciona muito bem desde que bem gerido. Enquanto isso, em SaaS, Microsoft 365 vem se tornando o novo normal.

A verdade do setor de tecnologia é que coisas complexas vão se tornando comuns e, finalmente, viram commodities. Na pirâmide de Cloud, isso acontece cada vez mais rapidamente na camada de IaaS. Todo mundo sabe que a China é a campeã em fazer lucro com preços agressivos justamente neste processo de comoditização. Daí, a Alibaba Cloud surge ameaçando a liderança da AWS, que reage subindo na pirâmide com serviços de valor agregado, onde encontra a Microsoft com uma abordagem de quem está descendo a pirâmide para continuar dobrando a cada ano – uma batalha que beneficia ao mercado.

Em paralelo e muito relacionado a isso, a facilidade de migração de ambientes existentes para Cloud só aumenta. Cada vez mais discute-se uma migração em pelo menos duas etapas: migração as-is e, depois, a modernização do ambiente. Cuidado com as promessas. Não existem milagres. Migrar com planejamento e fazer a sustentação com muito cuidado nunca sairá de moda. A preocupação com custos continuará sendo a discussão principal – esta foi fácil de prever.

A urgência de migrar e obter rapidamente resultados em Cloud e, em seguida, da Transformação Digital como um todo vai nos empurrar em 2019 para correr mais riscos e acreditar em promessas salvadoras. Cuidado aqui também. Fazer certo da primeira vez é a garantia de fazer uma única vez e é a melhor redução de custos, afinal tempo é dinheiro. Invista na preparação, no entendimento do projeto,divida-o em projetos menores e siga um roteiro consistente.

O aumento da competição entre os grandes provedores de Tecnologias Digitais vai aprofundar a estratégia de lock-in. Seja com trava tecnológica ou contratual, os provedores vão tentar manter market share à força – e vão conseguir. Há como se beneficiar aqui, desde que você saiba o que está fazendo. Optar por um contrato de três anos que te traga benefícios financeiros em um projeto que, de fato, vai durar três anos ou mais não é uma má ideia, mas faça as contas.

Finalmente, o mais importante nas tendências de tecnologias digitais é que isto deixará de ser tendência! Todos vão ter de usar ou aceitar a perda de competitividade. Pelo menos em tecnologia dá para prever um 2019 bastante interessante.