O site de recrutamento Catho divulgou hoje uma pesquisa, realizada em colaboração com a UPWIT, sobre as condições de trabalho de mulheres na área de tecnologia. De acordo com o levantamento, realizado com mais de 1.000 profissionais do setor entre janeiro e fevereiro de 2018 (632 homens e 396 mulheres), mais da metade das mulheres da área (51%) disseram já ter sofrido discriminação em seu ambiente de trabalho por causa de gênero. 

Dentre todas as entrevistadas, apenas 11% disseram acreditar que a diversidade de gênero é uma prioridade nas organizações onde trabalham. 46,6% delas acreditam que as oportunidades de crescimento em suas empresas são ruins ou péssimas, e apenas 3% consideram que essas oportunidades são excelentes. 

A porcentagem de mulheres nesse ramo que disseram já ter sofrido discriminação é maior do que em outras áreas – considerando o total do mercado, 40% das mulheres já alegaram ter sofrido esse tipo de injustiça. Além disso, 19% dos homens entrevistados disseram ter sido promovidos mais de três vezes, contra apenas 10% das mulheres.

Segundo os dados da Catho, essa desigualdade não estaria fundamentada em uma diferença de capacitação entre os homens e as mulheres. Dentre as entrevistadas, 47% disseram estar matriculadas em algum curso, contra 46% dos homens. Além disso, enquanto 12% dos homens disseram ter vivência internacional, entre as mulheres essa porcentagem foi de 17%. 

Mercado desigual

Tecnologia é uma das áreas que, de acordo com a Catho, foi menos afetada pela crise econômica. No entanto, o setor infelizmente continua com graves desigualdades entre homens e mulheres – a Microsoft, por exemplo, recebeu um total de 238 reclamações por assédio sexual ou discriminação de gênero contra mulheres entre 2010 e 2016, e a Uber já chegou a ser processada por práticas discriminatórias.

Não se trata apenas de um problema pessoal das pessoas envolvidas nos casos, mas de uma situação gave com consequências econômicas também. De acordo com um estudo de abril de 2017, a desigualdade no mercado de tecnologia impõe um custo de cerca de US$ 16 bilhões por ano a esse mercado, na forma de despesas relacionadas à rotatividade de funcionários em empresas desiguais, entre outros fatores.