Na abertura do Build 2017, evento que acontece em Seattle, nos EUA, a Microsoft afirmou que o sonho da inteligência artificial já é realidade. No futuro imaginado pela empresa, não haverá robôs assustadores querendo controlar o mundo e ameaçar a existência humana; haverá programas de computador e aplicativos baseados em inteligência artificial com o objetivo de ajudar os usuários e torná-los mais produtivos no trabalho. 

Segundo Harry Shum, líder do grupo de pesquisa e desenvolvimento da Microsoft, o sonho da inteligência artificial é constituído pela convergência de três pilares da tecnologia que estão em constante evolução: aumento da capacidade computacional na nuvem, algoritmos poderosos que funcionam à base de redes neurais e o acesso às enormes quantidades de dados geradas o tempo todo pelos mais de 3 bilhões de usuários de internet no mundo.

“Em alguns anos, será difícil imaginar uma tecnologia que não aproveite o poder da inteligência artificial”, prevê Shum ao lembrar que anos atrás o desafio era oposto, ou seja, imaginar alguma aplicação de inteligência artificial em apps e softwares. Segundo ele, esta mudança de paradigma mostra a intensa evolução da indústria de tecnologia a respeito do tema.

Para atender a esta crescente demanda, a Microsoft anunciou hoje novidades direcionadas aos desenvolvedores interessados em criar aplicações baseadas em inteligência artificial. De forma geral, os novos recursos cognitivos permitem que eles incorporem uma série de funcionalidades customizadas em seus softwares a partir de algumas linhas de códigos.

Os novos recursos anunciados pela Microsoft oferecem possibilidades de personalização da inteligência artificial em cinco áreas: visão, linguagem, fala, busca e conhecimento. A partir de agora, desenvolvedores podem construir aplicativos capazes de reconhecer gestos, traduzir textos em diferentes idiomas, criar legendas em tempo real, personalizar dados e reconhecer e dar sentido a imagens buscadas pelo usuário. 

IA na prática

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Na prática, significa dizer que os mais de 500 mil desenvolvedores com acesso às soluções da empresa podem conceber seus programas da forma como quiserem e “ensiná-los” a se comportar de acordo com características específicas. Por exemplo, é possível incluir determina voz e o jeito de falar em um assistente virtual ou então ampliar por conta própria as funcionalidades de um determinado contexto oferecido para uma pesquisa de imagem.

Um dos principais exemplos demonstrados no evento foi o uso de tradução em tempo real no programa Power Point. Na apresentação, depoimentos em espanhol foram traduzidos quase simultaneamente para inglês, assim como uma frase em mandarim foi traduzida imediatamente para o inglês. O mecanismo é semelhante com o utilizado no Skype, que oferece tradução de idiomas em tempo real para permitir conversas online.

Segundo a Microsoft, “as melhorias que estão sendo realizadas na compreensão da fala e da linguagem humanas estão nos levando de um mundo onde tivemos que entender computadores para um onde os computadores entendem os seres humanos”. Este fenômeno foi batizado pela empresa de “inteligência artificial conversacional” por criar um ambiente mais próximo entre tecnologia e as pessoas.

Um exemplo desta nova realidade proposta pela Microsoft está centrado no programa Bot Framework. Anunciado no ano passado, ele permite que os desenvolvedores criem bots (robôs, na tradução livre). Esses robôs são programas de computador que funcionam como aplicativos incorporados em diversas plataformas e estão disponíveis para os usuários de forma a interagir com eles.

Os modelos de “bots” disponibilizados pela Microsoft podem ser utilizados de maneiras diversas, mas tem no mercado corporativo uma especial aplicação interessante. Eles dão ao pequeno empreendedor a possibilidade de desenvolver apps inteligentes que sejam capazes de fazer o atendimento ao público e também responder a questões triviais, como indicar restaurantes ou hotéis em determinada cidade.  Atualmente, 130 mil desenvolvedores têm acesso à plataforma Bot Framework. Para conhecê-la, clique aqui

E no Brasil?

Em conversa com o Olhar Digital após o evento, Fabio Scopeta, diretor de Inteligência Artificial na Microsoft, afirmou que 4.500 startups brasileiras aplicam os recursos oferecidos pela empresa em projetos de inteligência artificial. Segundo ele, as áreas de segurança e de saúde são as principais beneficiadas no país com a adoção das funcionalidades, especialmente com foco em reconhecimento de imagens e armazenamento de dados. “O desafio é chegar mais próximo da compreensão humana para reconhecer imagens com precisão e conseguir identificar uma pessoa ou um tumor ou nódulo no raio-x, afirma Scopeta.