O supercomputador mais poderoso do mundo foi ligado pela primeira vez na semana passada. Criado no Reino Unido, ele tem como objetivo replicar o cérebro humano, e conta com muita potência para isso.
Instalado na Universidade de Manchester, o novo supercomputador mais potente do mundo conta com nada menos do que um milhão de núcleos de processamento que, juntos, são capazes de fazer 200 trilhões de operações por segundo. São mais de 55 mil chips coordenados por um novo tipo de design computacional apelidado de “Spiking Neural Network Architecture” (SpiNNAker).
A principal aplicação do supercomputador vai ser na tentativa de replicar a potência do cérebro humano – o que é conhecido como computação neuromórfica. Essa área da ciência da computação cresceu bastante nos últimos anos e consiste no desenvolvimento de sistemas de arquitetura e chips especializados capazes de agir mais ou menos como faz o cérebro de uma pessoa.
Pesquisadores esperam, com o novo supercomputador, conseguir criar modelos até agora não obtidos do cérebro humano, o que pode contribuir nos estudos do órgão mais importante do nosso corpo. Além disso, o campo da robótica também pode se beneficiar com a criação de sistemas capazes de navegar por ambientes complexos com uso de visão computacional baseada na forma como o cérebro processa imagens.
O supercomputador pega emprestado do cérebro humano o jeito de distribuir informação. Na nossa cabeça, neurônios se comunicam através de pequenos picos de energia eletroquímica, que não contém muita informação. Isso é resolvido com as centenas de milhões de picos que ocorrem ao mesmo tempo e geram uma quantidade de informação para ser processada.
A arquitetura do novo computador funciona mais ou menos assim: enquanto processadores comuns enviam grandes pacotes de informação, o novo sistema envia bilhões de pequenos pacotes para diversas partes diferentes, e essa transmissão é feita por chips customizados desenvolvidos para ele. “Nós criamos uma máquina que funciona mais como um cérebro do que como um computador convencional, e isso é bastante animador”, explicou Steve Furber, um dos cientistas envolvidos no projeto.
Apesar da clara inspiração no cérebro humano, o novo supercomputador ainda não consegue reproduzir perfeitamente a potência das nossas cabeças: ele só é capaz de simular alguns bilhões de neurônios em tempo real, enquanto nosso cérebro conta com 100 bilhões deles.