* De Paris, na França

Reconhecimento facial é, certamente, um dos temas mais polêmicos atualmente. Muitos reclamam do efeito Big Brother (se você não leu “1984”, de George Orwell, talvez esse seja o momento para tal). Há até quem já pense em bani-lo das cidades: São Francisco, nos EUA, é a primeira a fazê-lo, inclusive. Por lá, a tecnologia não pode ser usada por agências públicas nem para o combate ao crime. A justificativa é que ela pode colocar as pessoas em risco.

publicidade

O risco, na verdade, é bastante relativo quando se fala no assunto. Na Olimpíada de Tóquio em 2020, por exemplo, o reconhecimento facial deve ser uma das estrelas. O sistema foi desenvolvido pela NEC e vai ser coordenado e integrado pela francesa Atos, parceira mundial do Comitê Olímpico Internacional (COI) quando o assunto é tecnologia da informação.

A solução deve identificar mais de 300 mil pessoas: atletas, voluntários, jornalistas e outros participantes das equipes que vão trabalhar nos Jogos terão seus rostos reconhecidos e associados a seus dados pessoais e outras informações, como permissões de acesso. A escolha da fornecedora da tecnologia não é aleatória: a NEC é Parceira Ouro em Tóquio 2020 e, como especialista em biometria, pode oferecer os recursos para que o reconhecimento facial se torne realidade.

É a primeira vez que a tecnologia vai ser usada em uma Olimpíada e um dos motivos da escolha tem relação com o formato adotado para os Jogos Olímpicos do Japão: em vez de ter um único Parque Olímpico com diversos locais de competição, as diferentes modalidades serão acomodadas em locais distintos. Como muitos participantes vão ter de se apresentar em várias localidades em vez de apenas uma, é importante que o processo seja fácil e confiável.

As informações sobre cada indivíduo serão armazenadas em um cartão de circuito integrado, um IC Card. Com o reconhecimento facial, todos devem usar apenas suas próprias credenciai (é o fim do velho ‘me empresta aqui rapidinho’), já que todos os dados têm de ser consistentes — e um deles é justamente o rosto do portador. Assim, um crachá perdido não pode ser usado de forma indevida por quem a encontrar. Em termos de segurança, esse promete ser um diferencial realmente importante.

Atos integra todos os sistemas

Segundo Angels Martin, diretora da unidade de negócios Olimpíada na Atos, a tecnologia já está pronta. “No momento, ela passa pelo processo de integração com as demais ferramentas — afinal, é isso que garante que tudo funcione em conjunto durante os Jogos”, explica. Quem faz isso é a Atos e ela já trabalha no segmento há algum tempo: é parceira do COI desde 1992, na Olimpíada de Barcelona, e está garantida na posição até os Jogos de Paris, em 2024.

A empresa é responsável, ainda, pela aplicação que controla o acesso na Olimpíada – e o reconhecimento facial é apenas uma das etapas desse processo. Além disso, ela faz todos os equipamentos e ferramentas (não só os que envolvem acesso) se relacionarem em harmonia.

Em breve, começam os testes de tecnologia lá em Tóquio: segundo Angels, eles estão previstos para agosto de 2019. Os resultados? Vão ser vistos daqui a 434 dias, em diferentes painéis nas mais diversas competições. “Isso é o que o espectador vê quando assiste aos Jogos. Para nós, entretanto, são muitas etapas até que eles sejam efetivamente mostrados ao mundo todo”, completa.