O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, deve assinar, ainda nesta segunda-feira (11/2), um decreto criando o “American AI Initiative”. O projeto visa delinear uma estratégia para o avanço das pesquisas em inteligência artificial no país e destinar investimentos federais à área. Além disso, busca traçar, nacionalmente um modelo de critérios éticos e normas para o desenvolvimento de sistemas de IA a ser expandido internacionalmente.

A iniciativa chega em um momento que o país se vê “ameaçado” na liderança desse campo tecnológico, de acordo com reportagem do site The Verge. Outras questões-chave resolvidas no decreto são a liberação de recursos públicos, como dados e algoritmos federais, aos pesquisadores, e a montagem de um plano de preparação da classe trabalhadora do país às mudanças no mercado causadas pela automação.

Apesar disso, o programa, porém, não inclui nenhum novo fundo destinado ao desenvolvimento da inteligência artificial e é curto nos detalhes. O governo não divulgou nenhum prazo para alcançar as metas iniciais; pelo contrário, está prometendo um plano mais detalhado, mas que virá nos próximos seis meses.

Até hoje, 18 países lançaram estratégias nacionais de IA, e metade deles inclui novas fontes de investimento ao setor. Os valores variam de US$ 20 milhões na Austrália e na Dinamarca, para quase US$ 2 bilhões na Coreia do Sul, por exemplo.

Há também falhas no encaminhamento da questão imigratória. Grande parte do poder dos Estados Unidos no campo se deve à capacidade de atração de talentos estrangeiros, e especialistas alertam para os prejuízos da retórica anti-imigração de Trump e da política de restrição à liberação do visto. De acordo com a National Science Foundation, o número de estudantes internacionais graduados no país diminuiu 5,5% entre 2016 e 2017.

Kate Crawford, codiretora do grupo de pesquisas AI Now, da Universidade de Nova York, declarou à revista Science que o decreto “corretamente destaca a IA como algo prioritário na política norte-americana, mas peca em conteúdo civil e acadêmico”.

Isso preocupa devido ao potencial choque das tecnologias de IA, como reconhecimento facial, com a privacidade e liberdades individuais do cidadão. A “AI Initiative”, por exemplo, não faz qualquer menção ao pedido recente de empresas como a Microsoft para que exista regulação federal de reconhecimento facial.

Jason Furman, professor de Harvard e presidente do Conselho de Assessores Econômicos no governo Obama, afirma à Technology Review que o plano é um passo na direção certa, mas precisa de compromissos concretos para preencher suas metas almejadas.

“A iniciativa inclui todos os elementos corretos. O grande teste é ver se eles serão seguidos à risca”, relata Furman. “O plano é ambicioso, mas sem detalhes, e não será executado sozinho”.