O Trash (“Lixo”, em inglês) é um novo app que promete facilitar a criação de vídeos bem editados por qualquer pessoa. Para isso, o aplicativo utilizará Inteligência Artificial, o que facilitará – e muito – a vida dos leigos nessa arte.
Redes sociais e vídeos são áreas que Hannah Donovan, CEO que desenvolveu o app, conhece bem. Ela foi gerente geral do Vine, aplicativo de vídeo que o Twitter adquiriu — e descontinuou posteriormente. Donovan disse que, na pesquisa de usuários, embora as pessoas tivessem “câmeras realmente poderosas em seus bolsos”, quando se trata de editar suas imagens, para deixá-las todas juntas, elas sempre diziam: “Ah, não sou técnico o suficiente, não sou inteligente o suficiente.”
Donovan, que também trabalhou como chefe de criação na Last.fm, disse que “ficou curiosa sobre a possibilidade de usar a visão computacional para analisar o vídeo e sintetizá-lo em uma sequência”. O resultado é o aplicativo Trash, que vem com um slogan simples: “Você filma, nós editamos”.
Sua CEO fez uma demonstração do funcionamento do serviço para o jornalista Anthony Ha, do Tech Crunch. Ela fez filmagens curtas na redação do veículo, em Nova York, que foram então montadas em um vídeo — não exatamente um vídeo incrível, mas muito, muito melhor do que qualquer coisa que um leigo na área de edição poderia ter feito com a filmagem. É possível também ajustar a música, a velocidade e a “vibração” do vídeo. Depois, o usuário pode postá-lo no próprio Trash ou em outras redes sociais.
Donovan fundou a empresa com a cientista Genevieve Patterson, que tem um Ph.D. na universidade de Brown e fez um trabalho de pós-doutorado com a Microsoft Research.
Patterson contou que a tecnologia do Trash abrange duas grandes categorias. Primeiro, há um momento em que a rede neural analisa as imagens para identificar elementos como pessoas, rostos, ações interessantes e diferentes tipos de fotos. Depois, há a síntese, em que “tentamos descobrir quais são as partes mais legais e interessantes para criar um mini-vídeo, com música e alta diversidade de conteúdo”.
O aplicativo deve ficar mais inteligente com o passar do tempo, já que é possível obter mais dados a partir do machine learning, como acrescentou Patterson. Ela notou que a maioria das filmagens iniciais de treinamento usava “cinematografia ao estilo de Hollywood”, mas como o Trash ganhou mais usuários, ele agora pode se adaptar melhor às maneiras como as pessoas filmam usando seus telefones.
A CEO explicou que o app está na fase que ela chama de “criador beta”, ou seja, o processo de integração com uma variedade de criadores de conteúdo — especialmente os talentosos — está começando.
O app está disponível em apenas alguns países para iOS exclusivamente, mas há planos para construir uma versão do Android. Por enquanto, ele não chegou ao Brasil.
A arrecadação para o desenvolvimento do app totalizou US$ 2,5 milhões, vindos de fontes tão variadas quanto a National Science Foundation, a Digital Garage e a Dream Machine do Japão, o fundo criado pela ex-editora do TechCrunch, Alexia Bonatsos. Entretanto, Donovan afirmou que a startup ainda não está focada na receita, mas pode, eventualmente, ganhar dinheiro através de patrocínios, recursos profissionais e permitindo que os criadores vendam suas imagens no aplicativo.
Quando perguntada sobre o nome que escolheu para seu app, Hannah deu duas respostas: uma sarcástica e outra mais séria. A primeira foi “eu não dou a mínima e não me levo muito a sério” e a segunda, “Acreditamos que o lixo de uma pessoa é o tesouro de outra pessoa”, disse ela. “Com o cinema, como você sabe, há muitas coisas que ficam no chão da sala de corte. Esse é um dos conceitos do produto, a longo prazo, que queremos explorar”.