O chefe da SoftBank Masayoshi Son orientou, por mensagem não-datada, que “qualquer desculpa” fosse dada para postergar o pagamento de US$ 3 bilhões aos acionistas da WeWork. A troca de textos ocorreu com Claudio Claure, atual presidente da startup de locação de escritórios.

O valor, que representa cerca de um terço do montante total do negócio, se refere a oferta pública da SoftBank ao corpo de acionistas da WeWork. Isso envolve dividendos para grandes investidores, como Adam Neumann, cofundador da startup, até funcionários da companhia, que também receberam ações como forma de pagamento pela prestação de serviços.

Assim, as conversas evidenciam o objetivo de postergar o pagamento dos acionistas, utilizando “qualquer desculpa” para isto. “É ótimo adiar o fechamento do concurso… Use qualquer desculpa para fazer sentido”, ordenou Son.

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Na resposta, Claure indicou que iria utilizar-se da legislação antitruste para evitar o pagamento. “Ok. Usará antitruste. Estou me tornando bom em desculpas como alguém que conheço muito bem :).”, disse. As mensagens foram reveladas no processo movido por Neumann contra a Softbank. O acionista e líder do WeWork receberia mais de US$ 600 milhões com o pagamento.

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Compra do WeWork pelo Softbank sofreu grande revés econômico com a pandemia do novo coronavírus. Foto: Koshiro K/Shutterstock

O negócio, que iria resultar no controle operacional do WeWork para a SoftBank, foi fortemente abalado pela pandemia do novo coronavírus. A necessidade de realização de quarentenas por grande parte da população dos Estados Unidos, principal mercado da startup, resultou em uma queda brusca de faturamento.

Isto tornou o futuro da empresa, já avaliada US$ 47 bilhões, incerto. A SoftBank avaliou a startup em cerca de US$ 2,9 bilhões no primeiro trimestre deste ano, o que demonstra uma perda brusca de valor da Wework ao longo dos últimos anos. O negócio, classificado pelo próprio Masayoshi como uma “tolice” de sua parte, já rendeu um prejuízo recorde para a Softbank, de cerca de quase US$ 12,6 bilhões.

Um porta-voz da SoftBank afirmou que as citações nos documentos são ‘seletivas’, e defendeu a ação do banco no caso. “A escolha seletiva de citações de documentos não muda os fatos: segundo os termos do nosso contrato, a SoftBank não tinha obrigação de concluir a oferta pública que o Sr. Neumann – o maior beneficiário – buscava para vender quase US$ 1 bilhão em ações”.

Fonte: Financial Times