O caso do desbloqueio do iPhone do atirador de San Bernardino pode ter acabado, mas a guerra entre o governo e as empresas de tecnologia em relação à criptografia não. 

De acordo com a American Civil Liberties Union, desde 2008, o governo já moveu 63 ações para obrigar a Apple e o Google a ajudarem o FBI a desbloquear smartphones alegando pertencerem a suspeitos ou criminosos. Destes pedidos, 90% eram dirigidos à Apple e 10% ao Google. 

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Além dos 63 casos já confirmados, a ACLU afirma que também há outros 13 casos adicionais, sendo que 12 deles envolvem a Apple. 

As autoridades usam a lei All Writs Act, de 1789, para exigir que as empresas cooperem. Em certo sentido, a lei permite que os juízes emitiam ordens para que pessoas ou empresas ajudem nas suas respectivas jurisdições. 

Apple x FBI 
No final do ano passado, o terrorista Syed Farook e sua esposa Tashfeen Malik, mataram 14 pessoas e feriram 17 em um tiroteio na cidade de San Bernardino, na Califórnia. Durante as investigações, o FBI encontrou o iPhone do atirador, mas não conseguia desbloquear porque os dispositivos da Apple possuem um sistema de segurança no qual, após 10 tentativas de senhas incorretas, os dados no aparelho são apagados e só podem ser recuperados através da conta do iCloud. 

O governo então passou a exigir que a empresa criasse uma backdoor em seu sistema para permitir que os agentes usassem um programa que roda diversas combinações de senhas para conseguir acessar os dados do usuário. 

A Apple, porém, se negou a fazer isso, alegando que tal demanda colocaria em risco a segurança e privacidade de seus usuários. A empresa acabou ganhando o apoio de outras companhias do setor de tecnologia e a disputa foi parar nos tribunais. No entanto, um dia antes de uma das audiências, o governo afirmou que descobriu uma solução de como desbloquear o iPhone sem precisar da ajuda da Apple e anulou o processo.