A Justiça resolveu manter preso Jay Y. Lee, atual “cabeça” da Samsung, por suposto envolvimento num enorme escândalo de corrupção na Coreia do Sul. O executivo, que passou a noite dentro de uma cela aguardando pela decisão, foi levado, na manhã desta sexta-feira, 17, ao Centro de Detenção de Seul, segundo reporta a Reuters.

A promotoria especial, que acompanha o caso de Lee, afirmou que vai indiciá-lo por suborno, peculato, perjúrio e por esconder ativos no exterior. Eles têm dez dias para fazer isso, mas podem pedir uma extensão do prazo, forçando Lee a passar mais tempo sob detenção. Depois do indiciamento, será necessário o envolvimento de um tribunal para que, dentro de um período de três meses, seja realizada a primeira audiência.

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Jay Y. Lee é vice-chairman da Samsung. Seu pai, Lee Kun-hee, é o chairman da companhia, mas, como está incapacitado devido a um ataque do coração sofrido em 2014, ele teve os poderes transferidos para o filho. O executivo teve o nome envolvido em um esquema tão grande que causou a derrubada da então presidente da Coreia do Sul, Park Geun-hye.

O executivo teria subornado a ex-presidente para receber apoio governamental em um plano de unir duas afiliadas da Samsung em 2015. Lee teria instruído subsidiárias da Samsung a fazerem doações multimilionárias à família de Choi Soon-sil, que é confidente da ex-presidente, e a duas fundações controladas pela mesma Choi.

Investigadores afirmam que Park Geun-hye, quando ainda estava no governo, e Choi Soon-sil conspiraram para obter milhões não só da Samsung, mas de várias outras companhias locais, grande parte delas controladas por famílias poderosas no país. Em novembro, promotores indiciaram Choi por ter coagido 53 grandes negócios a doarem o equivalente a US$ 69 milhões a duas fundações em seu nome.

A Samsung foi quem deu a maior contribuição: além de doar um total de US$ 17 milhões às fundações, a empresa ainda assinou um contrato de US$ 18 milhões com uma companhia de gerenciamento esportivo alemã que era controlada por Choi. A Samsung também repassou US$ 1,3 milhão a um programa de esportes de inverno tocado por Choi e seus netos.

No mês passado, Jay Y. Lee afirmou, em depoimento, que não estava envolvido nas decisões que culminaram em tais doações. O vice-chairman também argumentou que os repasses eram involuntários, indicando que a Samsung não seria participante do esquema de suborno, e sim vítima de extorsão. A promotoria, entretanto, diz não estar convencida e vem tentando colocá-lo atrás das grades, apesar de ter tido seu primeiro pedido recusado no mês passado.

O tribunal que descartou a prisão de Lee em janeiro foi o mesmo que acatou o pedido da promotoria hoje. O que mudou foi que a acusação trouxe novas evidências contra o executivo.