Durante quase dois meses, o governo dos Estados Unidos bateu o pé alegando que não tinha como invadir o iPhone do atirador de San Bernardino sem a ajuda da Apple. O FBI precisou levar o caso para a justiça na tentativa de obrigar a empresa criar uma backdoor em seu sistema, que poderia comprometer a segurança de todos os usuários.
Mas na última segunda-feira, 21, tudo mudou. A agência afirmou que tinha encontrado uma forma de hackear o aparelho sozinho e cancelou o processo judicial. O jornal The Wall Street Journal, por sua vez, não acreditou muito nessa história e fez um editorial questionando a credibilidade do governo. O texto alegou que o confronto era “irresponsável” e acusou o Departamento de Justiça de permitir uma “guerra legal com teorias duvidosas”.
“A justiça também mentiu ao dizer que o caso da Apple era só por causa de um telefone”, diz o editorial.
Isso chamou a atenção do diretor do FBI, James Comey, que logo foi defender a agência. “É errado afirmar que o FBI e o Departamento de Justiça mentiram sobre a capacidade de acessar o telefone do terrorista”, escreveu em uma carta para o editor do jornal. “Eu não tenho vergonha de admitir que toda a criatividade técnica não reside no governo. Muita gente veio até nós com ideias sobre como quebrar o iPhone de San Bernardino”.
“Fizemos tudo o que podíamos”, acrescentou. “O objetivo é, sempre foi e sempre será, investigar um ataque terrorista de uma forma competente.”
O governo norte-americano está sendo muito questionado pelos jornais sobre quais são as reais intenções em obrigar uma empresa de tecnologia a criar uma brecha de segurança em seu próprio sistema.
O jornal The Telegraph afirmou que era muita “sorte” o FBI ter recebido uma informação de como desbloquear sozinho o aparelho, já o Fortune afirma que “algo não está certo” nessa história toda.