Por menos de R$ 30 por mês, a Netflix dá acesso a um monte de séries, filmes e desenhos. Esse montante mensal pago por todos os usuários do serviço no mundo, no entanto, gera uma receita grande o suficiente para que a empresa consiga investir em séries e filmes bastante custosos.
O melhor exemplo disso é The Get Down, uma série sobre a cena de disco, rap e hip hop em Nova York na década de 70. De acordo com a Variety, cada episódio da série custou bem mais que a estimativa inicial de US$ 7,5 milhões para ser produzido. O custo total da primeira temporada chegou a cerca de US$ 120 milhões mesmo com os incentivos fiscais dados pelo estado de Nova York. O valor faz da série a produção mais cara já realizada pela Netflix até hoje.
Não é à toa, porém, que a produção custou tão caro. Segundo o roteirista Nelson George, que trabalhou no projeto, “todos os episódios têm produções completas de dança; isso levou muito mais tempo do que qualquer pessoa imaginava”. Para criar e ensaiar as coreografias, foi necessário que a equipe de produção contratasse uma empresa externa, que estabeleceu uma sala de ensaios onde todo o elenco aprendia e ensaiava desde break-dance até movimentos mais simples.
Além disso, outros custos relacionados a música contribuíram para aumentar os gastos com o projeto. Para garantir a autenticidade de época, a equipe de produção licenciou diversos clássicos do disco e do hip hop, e contratou rappers como Nas para produzir músicas originais para cada episódio. O trailer da série pode ser visto abaixo:
Liberdade criativa
The Get Down é dirigida por Baz Luhrmann, um diretor conhecido por filmes como Moulin Rouge, O Grande Gatsby e Australia. Segundo o Huffington Post, uma das causas da elevação dos custos de produção foi a liberdade criativa que a Netflix concedeu ao diretor.
O serviço de streaming quis garantir que o resultado final da série refletisse com precisão a visão artística do diretor. O diretor de conteúdo da Netflix, Ted Sarandos, só concordou em aprovar o projeto após Luhrmann se comprometer a um envolvimento total com a produção.
Por outro lado, esse investimento parece ter dado resultado. Segundo a vice-presidente de conteúdo da Netflix, Cindy Holland, “trabalhar com Baz e sua equipe foi uma das experiências mais recompensadoras da minha vida. Todos os aspectos do processo foram incomuns. Foi muito inspirador”.
Esses custos, no entanto, ainda terão um reflexo negativo para os espectadores. Diferentemente do método comum de estreias da Netflix, a primeira temporada da série será lançada em duas partes. Seis episódios estrearão em 12 de agosto, com os outros seis chegando na primeira metade de 2017. Isso porque alguns aspectos da segunda metade da temporada ainda precisam de ajustes finais.
Custo relativo
Embora seja uma produção bastante cara, o custo de The Get Down é relativamente pequeno se comparado ao dos filmes mais caros já produzidos. Se fosse um filme, a série sequer entraria na lista dos 100 filmes mais caros já feitos. O recordista dessa lista é Piratas do Caribe: Navegando em Águas Misteriosas, de 2011, que custou cerca de US$ 325 milhões.
A própria Netflix já tem alguma experiência com produções custosas. Antes de The Get Down, a série mais cara que o serviço já havia produzido era Marco Polo. A série chegou a custar cerca de US$ 90 milhões, majoritariamente por causa dos custos de filmagens em locais internacionais como Itália, Malásia e Casaquistão.