Nesta semana, a Apple lançou o iOS 11.4.1, nova versão do sistema operacional do iPhone e do iPad. Além de adicionar um novo modo de proteção a conexões USB, o update trouxe também a correção de um bug relacionado a uma ferramenta de censura da China.

Um pesquisador e ex-membro da Agência Nacional de Segurança dos Estados Unidos (NSA) foi quem contou essa história à Wired. Segundo Patrick Wardle, a decisão da Apple de censurar um emoji na China causou um bug que afeta iPhones de qualquer lugar do mundo.

A censura entra em ação quando o GPS do iPhone indica que o aparelho está na China ou quando o teclado tem como idioma o mandarim. Quando um destes fatores é verdadeiro, a bandeira de Taiwan não deve aparecer entre as opções de emojis no teclado do usuário.

Wardle explica que, por um bug no iOS, o iPhone de uma amiga travava toda vez que ela escrevia a palavra “Taiwan”. Ele descobriu que isso acontecia porque uma das opções de idiomas do teclado dela era mandarim, embora seu GPS indicasse que ela estivesse nos EUA.

Essa confusão fazia com que o sistema travasse ao tentar sugerir o emoji da bandeira de Taiwan. O pesquisador informou o problema à Apple em junho. No iOS 11.4.1, lançado nesta semana, o bug foi corrigido. O emoji da bandeira de Taiwan não trava mais o celular.

Mas por que a China censura a bandeira de Taiwan? O país declarou sua soberania em 1945, mas o governo chinês não reconhece oficialmente a independência do território que um dia fez parte das suas fronteiras. Por isso o emoji é barrado naquela região.

A Apple tem um histórico polêmico de complacência com o governo da China. Por exemplo: os dados de usuários chineses do iOS são armazenados em servidores que ficam naquele país, e não nos EUA, como a empresa normalmente faz com usuários de outras partes do mundo.

Além disso, apps de VPN que não foram autorizados pelo governo chinês são banidos da App Store. Censurar a bandeira de Taiwan é só mais uma das concessões que a empresa aceitou fazer para continuar oferecendo seus serviços no país de 1,3 bilhão de habitantes.