De acordo com o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, a identificação dos servidores da Odebrecht não foi suficiente para que os investigadores da Operação Lava Jato tivessem acesso aos dados contidos neles. Segundo o jornal Estado de São Paulo, a Procuradoria-Geral da República recorreu ao FBI para decifrar os dados dos servidores, mas ouviu da agência que levaria 103 anos para decifrar a informação.

Essa demora seria atribuível ao sistema de proteção dos dados. Segundo funcionários do Setor de Operações Estruturadas da Odebrecht (o “departamento das propinas” da empreiteira), o sistema pedia a quem quisesse acessá-lo um código que mudava a cada dia e o uso de uma chave no computador central. 

Os funcionários informaram que não tinham conhecimento da chave. Mesmo sem ela, porém, o FBI afirmou que conseguiria decifrar os dados se soubesse qual tinha sido a última máquina a acessar o sistema. Novamente, os funcionários informaram que não saberiam dar a resposta, pois segundo eles eram os altos executivos da empresa que eram responsáveis por pagar as propinas.

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Sem a chave e sem essa informação, seria necessário “quebrar” o servidor por força bruta: testando combinações diferentes de códigos até achar o que funcionasse. Por esse método, no entanto, o processo poderia levar até 103 anos, segundo o FBI.

O que já se sabe

Diante desse problema, a Procuradoria-Geral da República teria, de acordo com o Estado, buscado a cooperação do Ministério Público da Suíça. O órgão suíço conseguiu acessar cerca de um terço das informações contidas nos servidores. Segundo eles, os servidores continham mais de 2 milhões de páginas, “incluindo e-mais, ordens de pagamento, conferências e contratos que serviriam para justificar pagamentos”.

Também havia neles “pagamentos relatados por meio do sistema ilegal”, que foram “listados com datas, valor e o nome dos recipientes”, segundo o ministério público suíço. O órgão informou também que um ex-executivo da Odebrecht, Fernando Miggliaccio, apagou parte dos servidores em fevereiro de 2016, antes de ser preso em Genebra (capital da Suíça).