Milhões de pessoas passam pelo Facebook todos os dias, descendo a barra de rolagem para encontrar notícias, curiosidades, informações e novidades sobre pessoas próximas (ou não tão próximas) de todo o mundo. Mas entre os milhares de posts, das centenas de perfis e páginas ligadas à sua conta na rede social, nem todos chegam ao seu feed de notícias. Já se perguntou por quê?

O jornalista Will Oremus, do site norte-americano Slate, publicou nesta quinta-feira, 3, um longo relato sobre a visita que fez ao escritório do Facebook na Califórnia, onde descobriu um pouco mais sobre como esse mecanismo funciona. Mesmo que os executivos da empresa não revelem detalhes, alguns dos fatores levados em consideração foram revelados.

O Facebook opera sob um algoritmo, que determina de forma sistemática o que será mostrado no feed de notícias de cada usuário individualmente. Desse modo, é muito difícil que o seu feed e o de um amigo qualquer sejam iguais, mostrando o mesmo conteúdo. Mas se engana quem pensa que o único fator a determinar isso são os “likes” que os usuários distribuem pela rede.

Para se ter uma ideia, o botão “Curtir” do Facebook só surgiu em 2009, sendo que o site existe desde 2004. Antes disso, os engenheiros das rede social já pensavam em formas de prever que tipo de post os usuários gostariam de ver, e a introdução do “like” foi uma das maneiras de medir isso de forma sistêmica. Os comentários e os compartilhamentos também entraram na conta com o passar do tempo.

“Analisar as curtidas, cliques, comentários e compartilhamentos é uma das formas de se determinar no que as pessoas estão interessadas”, diz Charlie Cox, chefe de produtos do Facebook e um dos primeiros engenheiros da empresa. “Mas nós sabíamos que havia momentos em que isso não era perfeito. Por exemplo, você pode ler um post trágico que você não quer ‘curtir’, comentar ou compartilhar, mas se perguntássemos, você diria que foi importante para você ter lido aquilo.”

Foi assim, segundo Cox, que a equipe descobriu que likes, cliques e outras formas “contáveis” de interação não eram suficientes para determinar o que os usuários querem ver. A rede social passou então a prestar atenção em outros padrões de comportamento: quanto tempo você passa olhando para um post (isto é, sem rolar a página), mesmo sem interagir com ele; quanto tempo você passa lendo uma notícia que abriu no seu feed; se você clicou em “curtir” antes ou depois de ter lido o post; etc.

É com base nessas informações – e muitas outras, que o Facebook não revela por motivos estratégicos – que a equipe criou o que chama de “placar da relevância”. Levando em conta o seu comportamento, a rede social dá uma “nota” para cada um dos milhares de posts disponíveis quando você faz login no Facebook. Os posts com nota mais alta, ou seja, aqueles que têm mais chances de te agradar, a partir de todos os fatores citados acima, são colocados no topo do feed, seguindo então uma ordem decrescente de relevância.

É por isso que, mesmo sem interagir com certos posts, o Facebook pode continuar mostrando conteúdo sobre aquele assunto para você. Recentemente, a rede social abriu mais opções para os usuários personalizaram seu feed, incluindo o recurso de marcar quais páginas e perfis você quer “ver primeiro” e as Reações que agora acompanham o botão “Curtir”. Mesmo assim, a empresa insiste que o algoritmo tenha a palavra final e que este seja impossível (ou quase) de enganar.